As sessões pré-natais são sempre uma mais-valia para a mulher/casal, sejam eles pais de primeira, segunda ou mais viagens. A preparação para o nascimento de um bebé vai-se fazendo ao longo dos meses na cabeça e no coração dos pais.
Sandra Marina Laranjinha Pereira, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia

Os cursos de preparação para o nascimento devem ter como objetivo promover uma experiência de parto positiva, ajudando a mulher/casal a compreender o seu potencial e as suas capacidades inatas para vivenciar com toda a singularidade o nascimento saudável do seu filho.

É importante encorajar e capacitar a mulher/casal a ter uma participação ativa no processo de nascimento do seu filho, partindo do pressuposto que gravidez e parto são eventos normais na vida de uma mulher. Mais, ajudar a tomar decisões autónomas e informadas acerca da gravidez, parto, puerpério e promover a adaptação/transição à parentalidade.

A finalidade deve ser capacitar para a tomada de decisão informada e o autocuidado, através de uma preparação física e emocional, ajudando a superar a ansiedade e medos, informando e esclarecendo dúvidas ao longo do curso sobre a gravidez, parto e parentalidade.

Objetivos

  • Promover uma experiência de parto positiva
  • Encorajar e capacitar para uma participação ativa no nascimento
  • Superar a ansiedade e medos
  • Informar e esclarecer dúvidas
  • Ajudar a viver a sua gravidez de forma mais tranquila
  • Proporcionar o contacto e a partilha de experiências
  • Capacitar para os cuidados ao seu filho

Alegrias e preocupações

O nascimento de um bebé representa também o nascimento de uma mãe, de um pai e de uma família, com todas as alegrias e preocupações inerentes a este evento que vai transformar a vida do casal para sempre.

A gravidez é um período único na vida do casal e o processo de assimilação e transição de papéis começa na gravidez, podendo dar origem a dúvidas e alguns receios dos futuros pais nesta fase da sua vida.

O desconhecimento sobre as alterações físicas e os desconfortos fisiológicos inerentes à gravidez, o medo do parto e o receio de não serem capazes de cuidar adequadamente de um recém-nascido, são dúvidas recorrentes. Os comentários e histórias que vão ouvindo por parte de familiares e amigos podem incrementar as incertezas e os medos na grávida/casal.

Neste sentido, os cursos de preparação para o nascimento também vão ajudar a mulher/casal a viver a sua gravidez de forma mais tranquila, proporcionado o contacto e a partilha de experiências com outros casais, fomentar a confiança e despertar a consciência para as suas capacidades em experienciar uma gravidez e parto saudável e capacitá-los a cuidar do seu filho.

A preparação para o nascimento de um bebé vai-se fazendo ao longo dos meses na cabeça e no coração dos pais.

Em suma, o curso vai ajudar e apoiar o casal a tomar decisões informadas e seguras acerca da gravidez, parto e início da parentalidade e promover as suas competências e a confiança para que possam vivenciar com toda a tranquilidade e segurança a chegada do seu bebé.

O curso vai ajudar e apoiar o casal a tomar decisões informadas e seguras acerca da gravidez, parto e início da parentalidade e promover as suas competências e a confiança para que possam vivenciar com toda a tranquilidade e segurança a chegada do seu bebé.

Quando e onde realizar a preparação para o nascimento

Os cursos podem ser iniciados no segundo trimestre após a realização da ecografia morfológica. No entanto, em geral iniciam-se por volta das 28 semanas de gravidez. Contudo, é sempre possível a mulher/casal solicitarem a realização do curso mais tarde. Existem cursos intensivos para casais com pouca disponibilidade horária ou que tenham ultrapassado as 32 semanas.

Os cursos podem ser frequentados no centro de saúde, no hospital público ou privado, ou centros clínicos especializados. Nos centros de saúde e nos hospitais públicos os cursos são gratuitos.

O casal deve informar-se acerca do programa do curso que pretende frequentar, validando o grau de satisfação com outros casais que já tenham frequentaram o curso no local eleito.

As sessões devem promover a participação dos formandos, e a sua estrutura deve ser flexível, procurando ir ao encontro das necessidades formativas sentidas pela mulher/casal.

Assim, na hora de escolher, o casal deve ter em conta se o companheiro pode frequentar as sessões, informar-se acerca das componentes teórica e prática do curso para perceber se vai ao encontro das suas expectativas e saber quem é ou são os profissionais que administram o curso. As equipas multidisciplinares com as suas diferentes experiências e saberes vão enriquecer a qualidade do curso.

Igualmente importante pode ser a escolha de um curso que tenha um horário que permita a conciliação da vida familiar e profissional do casal.

Temas abordados nos cursos

De acordo com o Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco da Direção Geral de Saúde, os temas a abordar nos cursos de preparação são, entre outros, as transformações físicas e psicológicas da gravidez e parentalidade, a saúde oral, a alimentação e nutrição na gravidez, desconfortos e sinais de alerta na gravidez, segurança rodoviária, aleitamento materno, cuidados ao recém-nascido e direitos e deveres parentais.

Especificamente e segundo a recomendação n.º 2/2012 (Recomendações para a Preparação para o Nascimento) emitida pela mesa do colégio da especialidade de Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros, os cursos devem abordar na componente teórica:

  • Trabalho de parto (fisiologia, a dinâmica pélvica, parto natural vs. parto medicalizado, competências da parturiente e plano de parto);
  • Analgesia de parto (o que é a dor no trabalho de parto e os métodos farmacológicos e não farmacológicos de alivio da dor, competências da parturiente e o papel do pai/acompanhante);
  • Aleitamento materno (vantagens, fisiologia da lactação, recomendações da OMS/UNICEF, técnicas de amamentação, extração e conservação do aleitamento materno, prevenção e tratamento das dificuldades na amamentação);
  • Puerpério/Pós-parto (consulta de revisão do puerpério, depressão pós-parto, planeamento familiar);
  • Cuidados ao recém-nascido (higiene e conforto, vacinação, necessidades fisiológicas do recém-nascido);
  • Sexualidade na gravidez e puerpério;
  • Recolha de células estaminais.

Na componente prática a grávida/casal devem ser orientados para:

  • Exercícios de tonificação do pavimento pélvico
  • Técnicas e estratégias não farmacológicas de alívio da dor;
  • Treinar posicionamentos para adotar durante o trabalho de parto e período expulsivo;
  • Exercícios que enfatizam o papel do pai/acompanhante na promoção do conforto da parturiente
  • Exercícios para promover a vinculação da grávida, acompanhante e bebé.

A importância da presença do pai

Os homens constroem vínculos afetivos mais fortes com quem se preocupam. O envolvimento ativo do pai na gravidez, parto e pós-parto vai promover o vínculo que este irá estabelecer com a criança e fortalecer a relação conjugal.

Por sua vez, a mulher cujo companheiro acompanha e se envolve na gravidez, parto, pós-parto e participa nas tarefas domésticas e nos cuidados com o bebé, sentem-se emocionalmente mais estáveis e com menos stress do que as mulheres com parceiros ausentes ou não envolvidos. A gravidez e o início da parentalidade são períodos vivenciados de forma mais tranquila e saudável.

O período da gravidez deve ser considerado pelos profissionais de saúde como uma janela de oportunidade para consciencializar a mulher e o homem para a importância do papel ativo do pai na vida familiar e ajudar ambos a refletir sobre o que é ser homem e pai cuidador, procurando valorizar a paternidade e promover no casal perspetivas mais igualitárias sobre a divisão do trabalho doméstico e cuidar dos filhos.

Neste sentido, o curso de preparação para o nascimento também tem como objetivo promover a masculinidade cuidadora, mais envolvida na dinâmica e tarefas familiares, como forma de quebrar o estereótipo das masculinidades ausentes e violentas.

O envolvimento e a participação do pai / parceiro na gravidez e parto vai:

  • Proporcionar um melhor atendimento da sua parceira
  • Estimular um parto normal
  • Ajudar a diminuir a duração do trabalho de parto
  • Diminuir a ocorrência de depressão pós-parto
  • Favorecer a adesão ao aleitamento materno
  • Fortalecer o vínculo entre a sua parceira e o bebé