Doenças de A a Z

O nosso guia prático ajuda a identificar os sintomas, as causas e apresenta as melhores dicas de tratamento para as principais doenças do bebé e da criança. Navegue na página, ou na slidebar alfabética para descobrir o que precisa.

A

Amigdalite

A amigdalite é uma inflamação das amígdalas, também conhecida por angina ou tonsilite.

Causas
Normalmente, a amigdalite é causada por uma infeção viral ou, com menos frequência, por uma infeção bacteriana.

Sintomas
– Garganta muito inflamada
– Amígdalas vermelhas, possivelmente cobertas de manchas esbranquiçadas
– Dor de garganta
– Dor ao engolir
– Dor de ouvidos
– Febre
– Tosse
– Dor de cabeça

Tratamento
Uma das medidas para aliviar os sintomas da amigdalite é a administração de analgésicos e antipiréticos, para fazer baixar a febre. Para isso, os pais devem procurar ajuda do médico assistente.
É também importante garantir uma boa hidratação, dando líquidos em abundância à criança e proporcionando-lhe uma dieta leve, com bebidas frias e alimentos líquidos e semilíquidos.Os sintomas normalmente desaparecem em três/quatro dias.
Quando se trata de uma amigdalite bacteriana, é necessário tratar a infeção com recurso a antibiótico, pelo que os pais devem levar a criança ao médico.

Asma

A asma é uma doença inflamatória crónica que provoca uma obstrução generalizada das vias aéreas, originando episódios repetidos de pieira, dispneia (dificuldade em respirar), aperto torácico e tosse.
A asma constitui uma situação clínica em que se dá uma contração dos brônquios provocada por estímulos como alergénios (pólen, pelo de animais, entre outros), vírus, fumo de tabaco ou esforço físico.
Quando uma destas substâncias irritantes penetra nos brônquios, estes segregam mucosidades espessas e o diâmetro dos canais que conduzem o ar torna-se muito estreito, levando a dificuldades a respirar.

Causas
As causas mais comuns de asma são infeções virais, estímulos como alergénios (ácaros domésticos, pólen, pelo dos animais, entre outros), fumo do tabaco, poluição atmosférica e exercício físico.
Se a criança sofrer de asma crónica ou se a asma for mais do que ligeira, deve ser submetida a testes para tentar identificar as substâncias às quais é alérgica. Só após esse diagnóstico é que a criança deverá ser tratada.

Sintomas
– Pieira
– Dificuldade em respirar
– Tosse (sobretudo de noite ou depois de fazer exercício)
– Aperto torácico recorrente

Tratamento
A asma requer tratamento a longo prazo e a forma de a tratar depende da gravidade das crises. O diagnóstico e a avaliação do tratamento adequado cabem ao médico assistente. Para aliviar os sintomas, deve administrar à criança os medicamentos prescritos pelo médico assistente, que podem variar desde broncodilatadores, corticoides inalatórios/orais e antileucotrienos.
Para prevenir ataques de asma evite expor a criança aos fatores agravantes (pó, pólen, pelos dos animais, fumo do tabaco, etc.). Reduzir o pó em casa, aspirando e passando com um pano húmido em vez de varrer, e limpar o pó com um pano seco, são algumas das medidas que ajudam a prevenir problemas.
A asma pode exigir que a criança passe a usar medicamentos preventivos diariamente e para toda a vida. No entanto, também é possível que os sintomas desapareçam com a idade.

B

Balanite (pilinha com a ponta inflamada)

Inflamação ou infeção da glande, que é a zona que está debaixo do prepúcio (pele da pilinha). A balanite é muito comum. Pode ocorrer em qualquer idade.

Sintomas
O aspeto da balanite é de uma pilinha com a ponta inchada, vermelha, com corrimento que pode ter várias cores: branco, amarelado ou esverdeado, mas que é geralmente espesso. Por vezes há queixa de dor ao fazer xixi.

Causas
Na idade das fraldas, há fatores que podem aumentar a frequência da infeção, como o ambiente quente, húmido e escuro da região genital, com a proximidade das fezes. A fimose (aperto da pilinha) é outro fator que ajuda.

Tratamento
Aplicação de uma pomada com antibiótico durante 4 ou 5 dias, e limpeza (depois de passar a fase de maior inchaço). Em casos de repetição, ou naqueles em que a criança fica com dificuldade repetida a fazer xixi (fazendo “balão”, por exemplo), poderá ser necessária a circuncisão.

Bronquite

A bronquite é uma inflamação da mucosa das principais vias respiratórias que levam aos pulmões.

Causas
Pode surgir no decorrer de uma constipação, gripe ou garganta irritada, significando que a infeção se alastrou.

Sintomas
– Pingo no nariz
– Tosse irritativa
– Febre ligeira
– Ligeiro assobio

Tratamento
Deve consultar um médico se a criança não melhorar passados dois dias ou se cuspir uma expetoração amarelo-esverdeada. Caso a criança apresentar sinais de alarme como esforço a respirar, cor azulada em torno da boca, língua e cara, respiração ruidosa ou sonolência anormal, deve recorrer a um serviço de urgência imediatamente.

Bronquiolite

A bronquiolite é uma infeção viral que provoca a obstrução dos pequenos brônquios (bronquíolos). As crianças com menos de doze meses são as mais afetadas pela bronquiolite, que é nesta fase uma causa muito frequente de internamentos. A duração das bronquiolites é curta (geralmente dois a três dias) mas, enquanto não passa, a criança deve ser mantida sob vigilância.

Causas
A bronquiolite é causada por um vírus e é mais frequente no inverno. Geralmente, a criança passa por uma constipação banal nos dias anteriores.

Sintomas
– Dificuldades em respirar (sobretudo à saída do ar)
– Pieira
– Corrimento nasal
– Febre (nem sempre)
– Respiração rápida
– Pieira
– Tosse

Tratamento
Atualmente, não há medicação para matar o vírus que provoca a bronquiolite. A maior parte das crianças pode ser tratada em casa, com cuidados semelhantes aos que se prestam face a uma constipação. Para tentar diminuir a obstrução, deve facilitar a ventilação, colocando a criança em posição semi-sentada, de forma a que não seja tão cansativo para ela respirar. Fazer nebulizações com soro fisiológico quatro a seis vezes por dia também ajudará a aliviar os sintomas. É ainda indispensável manter uma correta hidratação, oferecendo água em abundância para que as secreções fiquem mais fluidas. Em geral, a criança começa a melhorar ao fim de uma semana.
Apesar de a maioria dos casos de bronquiolite não serem graves, deve procurar o médico assistente se o seu filho não melhorar nas 24 horas seguintes aos primeiros sintomas. Da mesma maneira, deve recorrer ao médico se a criança demonstrar grandes dificuldades em respirar, uma diminuição significativa do apetite nas últimas duas ou três refeições, a fralda seca durante doze horas ou mais, e febre persistente.

C

Constipação

A constipação é uma das doenças mais vulgares na criança. É uma infeção das vias respiratórias superiores (nariz, garganta e cordas vocais) que provoca irritação no nariz e na garganta. Apesar de ser muito comum e de não ser uma doença grave, a constipação deve ser alvo de atenção, sobretudo nos bebés e crianças pequenas, devido ao risco de sequelas nos pulmões ou nos ouvidos.
Se para além dos sintomas de uma constipação normal, a criança apresentar erupções na pele, pode ter uma doença infeciosa como o sarampo ou a rubéola.

Causas
A constipação é causada por vírus e normalmente transmite-se de pessoa para pessoa, através do contacto com as secreções respiratórias da pessoa infetada.

Sintomas
– Nariz entupido e vermelho
– Corrimento nasal intenso
– Espirros
– Lacrimejo
– Dor de garganta
– Mal-estar geral
– Tosse
– Dor de cabeça

Tratamento
A constipação pode curar-se de forma espontânea, sem medicamentos, em poucos dias. Para minimizar os sintomas, a criança deve estar em repouso, evitar a exposição a correntes de ar e alterações bruscas de temperatura, e deve beber líquidos com frequência (água, infusões, chá). É também importante que não se fume ao pé da criança.
Para aliviar a congestão nasal, pode aplicar gotas de soro fisiológico no nariz. Se a criança tiver febre ou dor de cabeça, poderá dar-lhe xarope de paracetamol. Não administre aspirina a uma criança com febre.
Limpe o nariz da criança com frequência para evitar que o pingo ou ranho fiquem junto das narinas. Se a área do nariz ficar irritada, vermelha e gretada, ponha um pouco de vaselina por baixo do nariz e à volta das narinas.
Mantenha o quarto da criança aquecido mas não deixe o ar ficar demasiado seco.

Convulsões febris

As convulsões febris são contrações violentas, involuntárias e repetidas dos músculos, que podem surgir em qualquer quadro infecioso. Normalmente, as convulsões não duram mais de 5 a 10 minutos e param de forma espontânea (após a convulsão, a criança dorme durante cerca de 15 a 30 minutos). As convulsões afetam sobretudo crianças entre os três meses e os cinco anos de idade e não causam lesões no cérebro, epilepsia ou atraso mental.

Causas
A maior parte das convulsões febris ocorrem nas primeiras 24 horas de uma doença, normalmente quando a febre está a subir. Doenças associadas a febre alta, constipações e infeções virais podem desencadear uma convulsão febril.

Sintomas
– Perda de sentidos
– Revirar dos olhos
– Corpo rígido
– Contração dos músculos
– Pernas e braços a tremer
– Lábios roxos
– Espumar da boca

Tratamento
Face a uma convulsão febril, é importante não entrar em pânico. Não deve colocar nada na boca da criança, mas sim colocá-la de lado, para evitar que esta se engasgue. Caso já tenha havido episódios anteriores de convulsão, aplique o medicamento prescrito pelo médico para essas situações. Se a criança tiver febre, introduza-lhe um supositório e recorra ao serviço de urgência mais próximo.
Há um conjunto de sinais de alarme perante os quais deve recorrer sempre a um serviço de urgência:
– Se a convulsão for prolongada (durar mais de 15 minutos)
– Se os movimentos ocorrerem só de um lado ou se, após a crise, a criança só mexer um lado
– Se a criança não acordar 30 minutos após a crise
– Se a febre não baixar após terem sido tomadas medidas
– Se tiver mais do que uma crise no mesmo dia

Conjuntivite

A conjuntivite é uma inflamação da membrana fina e transparente que cobre a região branca do olho.

Causas
Pode ser provocada por um vírus ou por uma bactéria. Quando a infeção é bacteriana, normalmente surge corrimento purulento e, ao acordar, os olhos da criança podem estar colados com pus. A conjuntivite também pode ser causada por uma alergia, como a rinite alérgica, pelo contacto com o pó, ou por uma pestana dentro do olho.

Sintomas
– Olho vermelho
– Dor e sensação de que tem areia/corpo estranho no olho
– Pus
– Sensação de pálpebras coladas (no caso da conjuntivite bacteriana)
– Prurido e lacrimejo (na conjuntivite alérgica ou viral)

Tratamento
A forma de tratar a conjuntivite varia de acordo com a causa, e se esta não passar naturalmente, deve recorrer ao médico. Caso a origem seja bacteriana, é necessária a aplicação de um antibiótico tópico (aplicado diretamente no olho várias vezes por dia). Quando a origem é uma alergia, deve ser usado um antialérgico tópico, caso a origem seja uma alergia. É também importante manter os cuidados de limpeza das mãos, de forma a evitar o contágio entre os familiares.

Conjuntivite neonatal

Existe uma forma mais grave de conjuntivite, a conjuntivite neonatal, que pode afetar os bebés com menos de 28 dias de vida.

Causas
Pode ocorrer devido ao facto de a mãe ter uma infeção sexualmente transmissível, como clamídia ou gonorreia.

Tratamento
Se notar vermelhidão nos olhos do bebé, deve contactar o médico assistente. Na maior parte das vezes, a conjuntivite nos bebés não é perigosa, mas existe um risco reduzido de complicações, caso não seja devidamente tratada.

D

Dermatite da fralda

A dermatite da fralda, também conhecida por eritema da fralda ou vulgo assadura, é a inflamação da pele da zona coberta pela fralda.

Causas
A principal causa de dermatite da fralda, comum nos recém-nascidos, é o contacto prolongado e a exposição à urina e fezes, que provocam uma reação irritativa e dano na pele. Há bebés que têm maior tendência para desenvolver dermatite da fralda, mas normalmente o problema desaparece pela altura em que largam as fraldas.

Sintomas
Vermelhidão ou eritema nas zonas que entram em contacto direto com a fralda e, por vezes, das pregas.

Tratamento
Deve lavar-se gentilmente a pele da zona afetada, apenas com água, evitando o uso de sabonetes ou toalhitas de limpeza. Mudar a fralda com frequência, entre seis a oito vezes por dia, é um dos cuidados mais importantes para tratar e prevenir a inflamação. Utilize um creme barreira para hidratar a pele.

Doença boca-mão-pé

A doença boca-mão-pé ocorre sobretudo cerca dos quatro a cinco anos de idade.

Causas
Pode ser causada por uma grande variedade de vírus, mais frequentemente um que se chama coxsackie. A doença não costuma ser grave e as crianças recuperam numa semana. A doença é contagiosa através das secreções nasais, saliva e líquido das bolhas, durante pelo menos uma semana depois do início da doença.

Sintomas
Os sintomas começam por ser febre ligeira, perda de apetite e mal-estar geral. Segue-se o aparecimento de aftas dolorosas na boca, sobretudo na parte interior das bochechas e gengivas, e manchas nas palmas das mãos e plantas dos pés, que depois evoluem para nódulos e bolhas.

Na presença destes sintomas, a criança deverá ser observada pelo médico-assistente. O risco maior consiste na desidratação provocada pela não ingestão de líquidos em quantidade suficiente, atendendo à dificuldade em engolir e à falta de apetite.

Tratamento
Não há tratamento específico, mas o médico vai medicar a criança para seu conforto, e os pais não devem ficar surpreendidos se ela emagrecer – passada a doença, o apetite virá, e em força. A alimentação deve ser baseada em alimentos líquidos e pastosos, frios e de sabor neutro (gelados, por exemplo).

Dores na anca

Uma criança com dor na anca pode constituir uma razoável fonte de preocupação para a família e também para o médico, até porque é uma situação fora do comum e que, pela sintomatologia aguda e tão manifesta, assume algum dramatismo. É importante saber se a dor é súbita, se é intensa, se a criança tem a marcha e a movimentação limitadas e se tem sinais de inflamação (inchaço, vermelhidão e calor).

Deve saber se teve ou tem outros sintomas e sinais, de qualquer dos outros órgãos, e também, evidentemente, se sofreu um traumatismo – queda, pancada, mau jeito. Muitas vezes poderá ser mau posicionamento a dormir; não é necessário que seja um acidente grave.

Uma das situações mais frequentes de dor na anca, excluindo os casos de traumatismo, é a sinovite aguda transitória.

Dores de barriga

As dores de barriga são uma queixa muito frequente, nas crianças a partir dos dois anos. Na maioria dos casos, as dores de barriga não traduzem nenhuma doença grave. Algumas dores são mesmo fisiológicas, correspondendo a movimentos mais intensos do intestino, que funciona por contrações (movimentos peristálticos) que fazem com que o conteúdo fecal avance de uns segmentos para os outros. O estômago também é um músculo e ao contrair-se pode provocar dor.

Avaliar o nível de dor:
Um aspeto a ter em conta é se as dores de barriga são comuns ou não. Algumas crianças têm movimentos peristálticos fortes, que têm exclusivamente a ver com a maneira de funcionar do tubo digestivo (assim como algumas são mais obstipadas e outras menos). Uma dor de barriga numa criança que nunca se queixa pode ter um significado diferente de uma dor numa que é “presa” e que todos os dias se queixa antes de ir à casa de banho.

Quando ir ao médico:
Se a dor for forte, violenta, em jejum, se aparece em “ondas” de agravamento e relativa acalmia, com diarreia ou vómitos contínuos, febre alta, sangue nas fezes ou desidratação, quebra do estado geral e progressivo agravamento, há que levar a criança ao médico imediatamente. Dores “altas”, junto ao esterno, repetidas, podem sugerir gastrite. As que são junto ao umbigo estão mais relacionadas com o intestino.

Alívio de dor:
Enquanto se espera pela evolução, quando não há sintomas ou sinais de gravidade, pode dar-se paracetamol ou um antiespasmódico. No entanto, há que ter cuidado para não se mascarar o quadro, quer dando antibióticos (se for uma apendicite, por exemplo, adia-se o diagnóstico, com efeitos nocivos), quer anulando totalmente a dor que é, afinal, um sinal importante pada avaliar o quadro.

Dores de burro

As designadas “dores de burro” são dores musculares que aparecem na parte lateral do abdómen ou nas pernas. Resultam da acumulação de ácido láctico nos músculos, depois de um esforço mal medido e mal preparado, com certo grau de desidratação e carência de magnésio, o que é natural em crianças desta idade.

Alívio de dor:
A “dor de burro” passa geralmente com o descanso e a hidratação. Se se mantiver, há que continuar o repouso, com as pernas elevadas. A aplicação de uma compressa quente e massagens na área afetada estimula a circulação muscular e a limpeza do excesso de ácido láctico.

Dores frequentes:
Quando as crianças têm esta dor com frequência e com esforços banais, pode ser necessário dar magnésio (por exemplo, através de um aumento do consumo de bananas ou com suplementos indicados pelo médico) e hidratá-la sempre muito bem antes do esforço.

Dores de cabeça

As dores de cabeça são uma situação muito comum nas crianças. Embora na maior parte dos casos, estas dores sejam esporádicas e ligeiras, causam muitas vezes preocupação e ansiedade nos pais, além de poderem afetar o dia-a-dia das crianças.

Dores de costas

As dores de costas são um sintoma comum na idade infantil. É raro uma criança ter dores nas costas tão intensas ou prolongadas que justifiquem uma ida ao médico.

Dores de crescimento

Muitas crianças, logo aos 2-3 anos, queixam-se de dores nos joelhos ou na região dos joelhos, principalmente da parte de trás, sobretudo à noite, e que podem ser bastante intensas. Geralmente deitam-se bem, mas acordam a chorar. Designadas por “dores de crescimento”, doem na realidade, mesmo tendo uma componente psicossomática.

Frequência:
As dores de crescimento podem repetir-se durante alguns dias e ter depois um período livre mais ou menos grande, voltando por vezes a aparecer passado um tempo.

Tratamento:
As dores localizam-se sobretudo na massa dos músculos gémeos, ou seja, na parte de trás da perna, e passam com um analgésico ou um anti-inflamatório adicionado a umas massagens locais vagarosas e um pouco de mimo. Os pais podem pensar que a criança está a exagerar e a solicitar atenção, mas não devem desvalorizar o quadro.

Alívio de dor:
Peça à criança para fletir ligeiramente as pernas e relaxar os pés. Se a dor for nas coxas, sentar-se no chão e esticar cada perna de sua vez pode ajudar, fletindo a outra por debaixo do rabo, muito lentamente. É importante estar atento a outros sinais e sintomas e, caso estes existam (coxear, por exemplo) ou se as dores não passarem com estas medidas, então será melhor levar a criança a ser observada pelo médico.

Causas
A origem das dores de crescimento permanece obscura: provavelmente trata-se de uma mistura de causas, desde fenómenos psicossomáticos a estimulação cerebral durante o sono, cansaço muscular, crescimento ósseo.

Dores no estômago

As dores “de estômago”, que as crianças referem com frequência, nem sempre se relacionam com patologia do estômago. Mas se, em muitos casos, as dores podem ser de origem psicossomática (mimo, stresse, chamada de atenção), há que excluir primeiro causas orgânicas (se houver, por exemplo, febre, diarreia ou vómitos, a dor terá seguramente uma origem gastrointestinal).

Exemplos de doenças que se podem acompanhar de dor de estômago, são:

– gastroenterite;
– intolerância ao leite de vaca ou à lactose;
– alimentos que possam ter sido ingeridos e não sejam habituais (picantes, refogados)
obstipação;
– constipação comum – todos os vírus podem atingir qualquer dos órgãos, e isso depende, não apenas da estirpe do vírus como da sensibilidade específica que cada pessoa tem, e o estômago pode ser um dos órgãos-alvo;
– amigdalites e faringites;
– pneumonia, especialmente se se localiza na base do pulmão;
– invaginação intestinal – embora ocorra mais no primeiro ano de vida, esta situação pode ir até aos três anos e provoca dor abdominal, fezes escassas parecendo geleia de morango, deterioração rápida do estado geral – é uma situação urgente;
– apendicite – na primeira fase da mesma;
– medicamentos – anti-inflamatórios, alguns antibióticos;
– gases;
– gastrite – principalmente a provocada por uma bactéria, o Helicobacter piloryi.

Quando ir ao médico
Se as dores se mantiverem ou forem fortes, ou acompanhadas de sintomas gastrointestinais ou outros, é conveniente levar a criança ao médico.

Há que ter em atenção que alguns analgésicos e antipiréticos, como o ibuprofeno, podem dar inflamação gástrica.

Dores no peito

Embora seja mais frequente as crianças referirem dor no peito depois dos três anos de idade, podem fazê-lo antes, o que causa grande ansiedade nos pais, porque a dor no peito, para os adultos, é um sinal de ataque cardíaco. Não se passa o mesmo com as crianças.

No grupo etário dos três anos, as queixas de dor no peito podem corresponder a:

– asma;
– pneumonia;
– traumatismo;
– ingestão de corpo estranho;
– costocondrite – inflamação das costelas e das cartilagens intercostais, subsequente, por exemplo, a um ataque de tosse ou traumatismo, mesmo pequeno;
– infeções virais;
– dor muscular depois de esforço;
– psicossomática;
– imitação, para chamar a atenção, de algum adulto (avós) que se queixa do mesmo.

Mais sintomas:
Se a dor se acompanhar de mau estado geral, palidez, sudação, falta de ar, febre alta, história de inalação ou ingestão de corpo estranho, ou qualquer outro sintoma de gravidade, é melhor levar a criança a uma observação de urgência.

Dores no joelho

Nas crianças de 2-3 anos, observa-se muitas vezes uma certa desadequação entre o esforço submetido à articulação do joelho e a maturidade das estruturas que a constituem. O resultado é um traumatismo (que não necessita de ser uma pancada, queda ou outro acidente desse tipo, mas apenas uma lesão por sobrecarga) e o aparecimento de dor. As crianças desta idade estão sempre em movimento e ainda não têm uma total capacidade de coordenação e ponderação do esforço.

Sintomas:
A dor significativa, persistente, mantida no joelho não é uma situação muito comum. Mais frequentemente, o que aparece, pelo menos como primeiro sintoma, é a incapacidade de andar ou dificuldade a andar (a criança coxeia).

Causas:
A dor no joelho pode dever-se a muitas causas: traumatismo ou esforço excessivo, inflamação, infeção, entre outras, quer a nível ósseo, quer dos músculos ou das chamadas “partes moles”.

Outro aspeto importante é que algumas dores a nível do joelho têm origem na anca do mesmo lado ou do lado oposto, ou em lesões do outro membro que obrigam a reajustamentos da postura e esforços pouco controlados das diversas articulações.

Se a criança se queixar de dor na perna ou se reparar que coxeia ou tem dificuldade na marcha, e se essas queixas se mantiverem mais do que um ou dois dias e não melhorarem com os analgésicos habituais, é conveniente levá-lo ao médico para observação e eventuais exames complementares.

Entretanto, é recomendável “poupar” a articulação, fazendo repouso e evitando o seu uso, o que às vezes é difícil porque sabemos como as crianças são: ainda num momento se queixam de dores e a querer colo, e logo que a dor abranda, voltam a saltar e a correr.

E

Eczema

O termo eczema designa as lesões da pele que aparecem como áreas vermelhas e a escamar, com muito prurido, e formação de pequenas vesículas debaixo da pele.
Normalmente, estas lesões afetam a cara e as pregas da pele, mas podem alastrar-se a outras partes do corpo. Por norma, o eczema aparece pela primeira vez entre os três meses e os dois anos de idade, melhorando à medida que a criança cresce.
Geralmente, a partir dos seis anos a criança deixa de ter eczema. Por vezes, a origem do eczema está também em medicamentos, como pomadas, cremes, e mesmo medicamentos para tratar o próprio eczema. Se usar uma pomada para o eczema e esta não tiver surtido efeito ao fim de alguns dias, é preferível suspendê-la.

Causas
A causa mais comum de eczema é a dermatite atópica, de origem alérgica.

Sintomas
– Comichão
– Áreas de pele vermelha, esfolada e com manchas
– Exsudação (aparecimento de líquido lamacento)
– Aparecimento de pequenas vesículas debaixo da pele

Tratamento
O eczema não tem cura, mas os sintomas podem ser minimizados através de medidas de conforto e recurso a medicamentos. Quando der banho à criança, limpe as zonas afetadas com um sabonete suave, sem esfregar, e considere a utilização de uma loção de banho emoliente, sem perfume, que amacie a pele.

Escarlatina

A escarlatina é uma doença infetocontagiosa que provoca febre, amigdalite e manchas no corpo.

Causas
A escarlatina é provocada por um estreptococo (bactéria). É uma doença muito contagiosa, sendo transmitida sobretudo pela inalação de gotículas de saliva em suspensão da pessoa infetada quando esta tosse ou espirra, ou pelo contacto com objetos contaminados por estas secreções (loiça, brinquedos, etc.)

Sintomas
– Febre alta
– Dor de garganta
– Dor ao engolir
– Dor de barriga e por vezes vómitos
– Manchas avermelhadas na pele, que pode ficar áspera

Tratamento
O tratamento da escarlatina faz-se através de um antibiótico oral, pelo que deve sempre consultar o médico assistente para saber qual o tratamento mais adequado. Se a criança tiver febre, deve ser-lhe administrado um antipirético. Após 24 horas do início da toma do antibiótico, a doença deixa de ser contagiosa. É muito importante administrar o antibiótico até ao fim, para evitar uma recaída, causar complicações ou contribuir para que se crie resistência ao antibiótico.
Outras medidas que podem aliviar os sintomas passam por hidratar convenientemente a criança, dando-lhe bastante água, sumos (evite sumos muito ácidos, como o de laranja ou a limonada) e sopa. Opte também por dar-lhe alimentos triturados, como purés ou iogurtes, em pequenas quantidades de cada vez, várias vezes por dia.

Estomatite aftosa

A estomatite aftosa é provocada por um vírus, do grupo dos herpes, que aparece nos bebés ou crianças em idade pré-escolar.

Sintomas
A criança começa com febre, que se torna muito alta e duradoura, com o aparecimento de gengivas muito vermelhas (que às vezes chegam a sangrar ao mínimo toque), dor sobretudo ao alimentar-se, aftas (ulcerações) por toda a boca e frequentemente também nos lábios, emagrecimento (associado à recusa quase total de comer) e mal-estar.

Tratamento
Não há tratamento específico, ou seja, tem de se esperar que passe. Além de se baixar a febre, pode-se colocar um produto para anestesiar um pouco a boca (e permitir que a criança coma alguma coisa), escolher muito criteriosamente os alimentos de modo a que ardam menos nas aftas e sejam do maior agrado da criança, oferecer líquidos com frequência (líquidos com um pouco de açúcar), dar um preparado de vitamina B e esperar pacientemente. Se houver dúvidas, claro que a criança deverá ser levada ao médico, sobretudo se o seu estado geral estiver muito deteriorado. Muito raramente, as crianças têm de ser internadas porque não conseguem sequer beber e desidratam-se.

Uma das maiores preocupações – o facto de a criança não comer –, só deve assustar se não beber líquidos. É natural que ela vá emagrecer nesse período de doença (que pode chegar a ser superior a uma semana), mas mal passe a fase aguda o apetite vem e em força, recuperando rapidamente o peso anterior.

Epilepsia

A epilepsia é uma doença que se caracteriza por crises, consideradas epiléticas, fora do contexto da fase aguda de uma infeção, erro metabólico (hipo ou hiperglicemia) ou traumatismo craniano.

A origem dos sintomas está em focos cerebrais que disparam por estímulos considerados inócuos para a maioria das pessoas (fechar e abrir uma lanterna, intermitentemente, por exemplo).

Formas de epilepsia:
Além dos tradicionais movimentos musculares que as pessoas conhecem, há outras formas de epilepsia menos conhecidas, como as ausências ou os episódios sensoriais. As crises de epilepsia não causam dor, mesmo que a criança estrebuche – são os espasmos musculares que provocam esses movimentos.

Causas:
As causas mais comuns de epilepsia podem ser as cicatrizes cerebrais resultantes de falta de oxigénio (hipoxia) quando do nascimento, as sequelas de meningites, encefalites ou traumatismos cranianos, malformações cerebrais, tumores, e as chamadas síndromas neurocutâneas, em que há lesões neurológicas e da pele.

Esmegma

São “bolas” de sebo, secreções e células mortas que se acumulam entre a pele da pilinha e a glande. Geralmente aparece depois do primeiro ano de vida. São esbranquiçadas, às vezes do tamanho de uma ervilha ou de um bago de arroz grande, debaixo da pele, numa pilinha em que o prepúcio não vem completamente para trás

Não são incomodativas para o bebé, mas podem eventualmente infetar, pelo que é útil a ajuda de um cirurgião.

Exantema súbito

O exantema súbito, roseola infantum ou “sexta doença” é uma doença benigna que geralmente cursa sem problemas de maior, com exceção dos raros casos em que a febre alta pode desencadear convulsões febris – mas isso tem a ver com a temperatura e não com a doença propriamente dita. Aguns dos sintomas e sinais do exantema súbito aparecem também noutras doenças, algumas delas graves, como as pneumonias ou as meningites.

Sintomas
Febre durante três dias, manchas rosadas na pele durante outros dois ou três, que rapidamente cobrem todo o corpo do bebé. Passado este tempo a criança fica bem, o apetite geralmente reaparece logo que a temperatura regressa ao normal e só nessa altura se pode fazer um diagnóstico seguro.

Causas
O exantema súbito é causado por um vírus, da família dos herpes, o qual só infeta os seres humanos, mas desconhece-se o modo de transmissão de pessoa para pessoa. A infeção por este vírus dá imunidade, ou seja, só se tem a doença uma vez. A maioria das crianças tem-na no primeiro ano de vida, mais vulgarmente entre os 6 e os 15 meses de idade, havendo um aumento da incidência na primavera e no verão.

F

Febre

A febre é uma resposta do organismo a uma grande variedade de fatores, internos e externos, com destaque para os micróbios que nos rodeiam. A febre não é, portanto, uma doença, é um sinal, e como tal deve ser respeitada. Os mecanismos de defesa da criança atuam melhor na presença de febre e quase todos os antibióticos são mais eficazes quando a criança está febril.
Quando a temperatura ultrapassa o “normal” para a criança, dizemos então que está alterada. A temperatura corporal de base varia de pessoa para pessoa. Na criança, a regulação da temperatura é menos exata do que no adulto. A temperatura também varia ao longo do dia. Depois do segundo ano de vida, as máximas ocorrem entre as 17 e as 19 horas.
Mais importante do que medir a febre, é valorizar outros sinais e sintomas, particularmente nos primeiros meses de vida.
De uma forma geral, podem considerar-se normais as temperaturas retais entre 36,2 ºC e 38,0 ºC. A febre é qualquer elevação da temperatura retal superior a 38,5ºC.

Como medir a temperatura
A temperatura axilar é cerca de 0,5 ºC mais baixa que a oral e 1 ºC mais baixa que a temperatura retal ou do que a auricular.
A medição ideal da temperatura deve obedecer aos seguintes aspetos:

– A medição dever ser feita após um mínimo de 30 minutos de descanso;
– O uso de um termómetro retal (que deve ser lubrificado e inserido 3 a 5 cm no “rabinho” durante 3 minutos) pode causar lesões, pelo que está progressivamente a ser abandonada;
– A medição no ouvido é mais complicada do que parece, porque se tem que endireitar o canal auditivo externo, para que a temperatura medida seja a do tímpano e não a da pele do canal;
– A axilar é mais fácil em crianças mais crescidas, mas difícil nos bebés.

Quando a criança tem febre, uma medição isolada da temperatura pode servir para mostrar que “algo não está bem”, mas se a doença se prolonga por mais de cinco dias é aconselhável registar a temperatura ao longo de vários dias, porque pode revelar padrões que, muitas vezes, são uma preciosa ajuda para o diagnóstico médico.

Fimose

Nos recém-nascidos a pilinha está apertada (chama-se “fimose fisiológica”). Só em 4% dos recém-nascidos se consegue puxar totalmente, de forma natural, sem magoar, a pele para trás.

Ao um ano de idade ainda 50% das crianças têm um aperto. Com o decorrer do tempo a fimose começa a desaparecer e, na maioria dos casos, com alguma ajuda por parte dos pais, a pilinha abre-se e tudo fica como deve ser pelos 3-4 anos de idade.

Por indicações médicas (salvo raras exceções, que são as que fazem muitas infeções urinárias ou que não conseguem fazer adequadamente xixi), a intervenção cirúrgica só está indicada após os 3-4 anos de idade, depois de deixar totalmente de usar fraldas. Excetuam-se os casos em que a circuncisão é feita por motivos religiosos.

G

Gastroenterite

A gastroenterite (intoxicação alimentar) é uma infeção do estômago e dos intestinos, que pode ser causada pela ingestão de comida estragada.

Causas
É causada sobretudo por vírus e por bactérias, nomeadamente a salmonela, existente em alimentos com ovos, leite e derivados.

Sintomas
– Vómitos e náuseas
– Diarreia
– Cólicas de estômago
– Perda de apetite
– Febre

Tratamento
O cuidado mais importante no tratamento da gastroenterite é prevenir a desidratação. Se a criança tiver vómitos frequentes, não deve comer nada até parar de vomitar. Durante este período, poderá beber água em pequenas quantidades ou administrar soluções de hidratação oral (informe-se numa farmácia). Se tiver diarreia, é importante administrar pequenas quantidades de soro oral após cada dejeção.
Quando a criança voltar a tolerar os líquidos, reinicie os alimentos sólidos em pequenas quantidades. Aos bebés com mais de quatro meses, podem ser dadas papa de arroz, cenoura, maçã cozida ou banana. Os bebés alimentados com leite materno devem manter a amamentação, e os bebés alimentados com leite artificial devem retomar a ingestão do leite em pequenas quantidades e mais vezes por dia.
Se a criança apresentar diarreia abundante, sem melhorias após três dias, vómitos persistentes, sinais de desidratação ou febre elevada, deve ser observada por um médico.

Gripe

A gripe é uma doença fortemente contagiosa causada por centenas de vírus diferentes.

Causas
Tende a surgir como uma epidemia, quando aparece um novo tipo de vírus contra o qual as pessoas ainda não estão imunes.

Sintomas
– Febre alta
– Arrepios de frio
– Cefaleias
– Dores musculares
– Nariz a pingar
– Mal-estar geral
– Tosse
– Dores de garganta

Tratamento
Se a criança tiver febre, poderá ser-lhe administrado um antipirético. Dê-lhe líquidos em abundância e, no caso de ainda se um bebé, deve ser-lhe dada água fresca, fervida. Se a área do nariz do seu filho ficar irritada, vermelha e gretada, ponha um pouco de vaselina por baixo do nariz e à volta das narinas.

H

Hérnia

É uma saliência, arredondada, que resulta quando os tecidos subcutâneos, ou sejam os que estão debaixo da pele, estão enfraquecidos, permitindo ao órgão que está por baixo que saia um pouco através desse espaço. As hérnias têm tendência a sair quando a criança faz esforço (obstipação, birra, gases, choro intenso).

Diagnóstico:
Perante o achado de hérnia, consulte o médico-assistente, que, em caso de a suspeita, enviará a criança a um cirurgião pediatra, para uma eventual correção cirúrgica.

Hérnia umbilical:
As hérnias umbilicais (por cima do umbigo) são as mais frequentes, formando um “papinho” quando o bebé chora ou tem a barriga inchada. Diminuem e desaparecem com a tonificação dos músculos da barriga.

Hérnia inguinal:
As hérnias inguinais localizam-se na virilha. Nos rapazes migram para dentro do escroto e formam uma espécie de “chouriço”, enquanto nas raparigas é mais o aspeto de inchaço. O primeiro sintoma costuma ser um alto, que os pais confundem amiúde com um gânglio, na região interior da coxa, na virilha. É duro, pode causar dor, e colocando o dedo sente-se se a criança tossir ou fizer um esforço. Por vezes, é possível empurrar para dentro e ouve-se um som de gorgolejo, que corresponde ao intestino a reentrar no seu espaço.

Hidrocelo

Hidrocelo é a acumulação de líquido à volta dos testículos, nas bolsas escrotais. Muitas crianças nascem com um certo grau de hidrocelo, que depois se vai absorvendo. Noutras, mantém-se ou aumenta, e noutras ainda, tem períodos de intensidade muito variável, chegando, por vezes, a ter a consistência de uma pedra.

Sintomas:
O hidrocelo não provoca dor, mas pode ser desconfortável e causar receio nos pais. Se o escroto estiver muito encarnado, quente e inchado, com dor violenta, pode ter ocorrido uma torção do cordão espermático, que segura o testículo, e é uma emergência médica.

Diagnóstico:
Pode fazer-se numa sala com pouca luz, colocando uma fonte de luz (uma lanterna, por exemplo) por debaixo do escroto – se for líquido, o escroto fica iluminado, cor-de-laranja, como um “balão de São João”.

Alguns hidrocelos estão associados a hérnia inguinal, e essa associação deve ser sempre tida em consideração – a ecografia pode permitir esse diagnóstico.

Se a tendência é não passar ou agravar-se, a criança deverá ser examinada por um cirurgião pediatra.

I

Infeção urinária

O termo ”infeção urinária” abrange um conjunto de situações que têm em comum a presença de bactérias nas vias urinárias em quantidade significativa. É muito comum as crianças terem infeções urinárias. Aos cinco anos, surgem em quase 10% das raparigas e 2% dos rapazes. À medida que a criança cresce, sobretudo depois dos dois anos, os sintomas tornam-se diferentes.

A maioria das infeções urinárias diz respeito à bexiga (denominadas infeções baixas). As infeções do rim, bacinete e ureteres (infeções altas) são mais raras.

Sintomas:
Nos bebés surge má progressão de peso ou a febre e diarreia de causa inexplicável. Depois dos dois anos de idade, surgem queixas de ardor ou dor a urinar, aumento do número de vezes que a criança pede para fazer xixi, xixi às pinguinhas, sangue na urina ou voltar a ter enurese (fazer xixi na cama) depois de já controlar os esfíncteres.

Quando a infeção é mais próxima do rim ou o envolve, os sintomas são de infeção, com febre alta, quebra do estado geral, vómitos e desidratação.

M

Meningite

A meningite é uma infeção que afeta as meninges (no cérebro).

Causas
Pode ser causada por um vírus (situação mais frequente) ou por bactérias. Os bebés e as crianças com menos de cinco anos de idade apresentam um maior risco de desenvolver meningite bacteriana.

Sintomas
– Febre
– Cefaleias
– Dor no pescoço
– Vómitos
– Convulsões
– Rigidez da nuca
– Delírio
– Sonolência
– Paralisias
– Podem surgir também manchas no corpo

Tratamento
Todos os casos suspeitos de meningite devem ser encarados como uma emergência médica. A meningite bacteriana pode provocar uma septicémia (invasão microbiana do sangue), que pode ser fatal. Normalmente, a doença é tratada com antibiótico e prescrição de soros endovenosos.

O

Otite

A otite é uma infeção dos ouvidos, geralmente provocada por um vírus ou bactéria.

Causas
Pode resultar de um uso excessivo da chucha ou do facto de o bebé mamar ou tomar o biberão de forma incorreta (na horizontal em vez de semi-sentado).

Sintomas
– Febre
– Dor no ouvido
– Corrimento do ouvido

Tratamento
A administração de um antipirético ajudará a reduzir a dor e baixar a febre. A criança deve sempre ser observada por um médico, que após analisar o historial clínico e fazer uma otoscopia, decidirá se há necessidade ou não de prescrever um antibiótico oral.

P

Papeira

A papeira é uma infeção que provoca o inchaço dos gânglios.

Causas
É provocada por um vírus e é contagiosa, passando de pessoa para pessoa através da tosse, espirros e saliva, bem como através do contacto com objetos e superfícies contaminados.

Sintomas
– Dor ao mastigar
– Dor de garganta
– Dificuldade em engolir
– Temperatura elevada

Tratamento
Para reduzir a febre e proporcionar algum alívio da dor, pode ser administrado um antipirético. Devem ser dados à criança líquidos em abundância, evitando-se as bebidas ácidas, como sumos de fruta, que estimulam as glândulas salivares. Uma dieta mole para reduzir a necessidade de mastigação ajudará a combater os desconfortos. Nunca de se deve administrar aspirina a uma criança.

Q

Quinta doença

A Quinta doença é também chamada eritema infecioso.

Causas:
É uma doença causada por um vírus – o parvovírus B19. O nome parvovírus quer dizer “pequeno vírus”. O parvovírus humano B19 (porque também há parvovírus que afetam os animais, designadamente os cães), ataca os glóbulos vermelhos e causa uma erupção na pele (exantema) que, geralmente, não tem qualquer gravidade.

Qualquer pessoa pode infetar-se com o parvovírus, mas a doença surge mais frequentemente nas crianças a partir dos três anos. À semelhança de uma constipação, o vírus passa das pessoas infetadas para as outras, através da saliva, das secreções nasais e dos ”perdigotos”.

Sintomas:
Uma a duas semanas depois do contágio surgem cansaço e febre muito ligeira que desaparece rapidamente. Depois destes sintomas (inespecíficos e que na maioria dos casos passam despercebidos), aparecem as manchas (exantema), por norma ao nível das bochechas, dando o aspeto tradicionalmente descrito como “cara em bofetada” (nesta altura já sem febre). O exantema pode estender-se ao resto do corpo e muitas vezes vai e vem. Às vezes as manchas ficam mais claras na parte central. Por vezes, pode causar comichão.

Diagnóstico:
Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito pelos sintomas e, sobretudo, pelo aspeto da cara. Existe a possibilidade de fazer a deteção do vírus no sangue, mas é dispensável, porque na quase totalidade dos casos não iria adiantar nada em termos práticos.

Tratamento:
Não existe qualquer tratamento específico, ou seja, deve-se aguardar tranquilamente a evolução. Os raios solares (e a luz em geral), bem como o calor, o exercício, os banhos quentes ou o stresse emocional podem aumentar o exantema e a sua tendência de vaivém.

Contágio:
A pessoa infetada é contagiosa desde a semana antes de aparecerem os sintomas até ao início do exantema, ou seja, é muito difícil isolar os infetados, porque não aparentam qualquer doença. Portanto, na fase de “cara em bofetada”, a criança já não é contagiosa, podendo frequentar a escola, se estiver bem.

A infeção pelo parvovírus humano B19 parece dar imunidade vitalícia e cerca de 50% dos adultos têm anticorpos contra o vírus, o que significa que já tiveram a infeção (provavelmente quando eram crianças).

Gravidez:
A infeção por parvovírus B19, durante a gravidez, pode resultar em aborto espontâneo ou em malformações fetais. Aconselha-se, assim, a todas as grávidas que se expõem a casos de doença ou que têm sintomas de doença, a consultarem o seu médico assistente.

Idealmente, antes de engravidar, tal como para a rubéola, toxoplasmose e outras situações, deve fazer a análise sanguínea para dosear os anticorpos (IgG) e saber se já se teve a doença e se se está imune. Esta precaução tem particular importância nas mulheres que trabalham com crianças (educadoras de infância, por exemplo).

R

Rubéola

A rubéola é uma doença eruptiva benigna, muito contagiosa, parecida com o sarampo e com a escarlatina.

Causas
A rubéola é causada por um vírus, mas atualmente é uma doença rara, graças à vacinação. Quando ocorre na gravidez, a rubéola pode ter consequências graves para o feto, originando malformações congénitas.

Sintomas
– Erupções na pele
– Inflamação dos gânglios linfáticos, principalmente atrás das orelhas e na nuca
– Febre

Tratamento
Beber muitos líquidos e, em caso de febre, tomar um antipirético.

S

Sapinhos

A candidíase oral, também conhecida por “sapinhos”, é uma inflamação da mucosa bucal produzida por um fungo (Candida albicans).

Causas
Nos primeiros dois a três meses de vida, os bebés produzem pouca saliva e, por isso, o ambiente da boca é mais propício à infeção por este fungo. Tetinas ou chupetas mal esterilizadas podem ser outra das causas de “sapinhos”. A candidíase oral não representa qualquer perigo, mas pode ser incómoda para o bebé e levar a que este se recuse a comer, pelo que deve ser tratada.

Sintomas
– Manchas brancas na boca, sobretudo na parte de dentro das bochechas;

Tratamento
Geralmente, os “sapinhos” tratam-se com antifúngicos. Se o bebé estiver a ser amamentado, é conveniente a mãe lavar bem o peito e aplicar ela própria uma pomada antifúngica após cada mamada, já que a mama pode ser um dos reservatórios dos fungos.

Sarampo

O sarampo é uma doença febril eruptiva, infeciosa e muito contagiosa, que atinge especialmente as crianças.

Causas
É causado por um vírus (paramixovírus), que se transmite através do contacto direto com gotículas das secreções nasais libertadas na tosse e nos espirros de uma pessoa infetada. Atualmente é uma doença rara, graças à vacinação.

Sintomas
– Corpo coberto de pintas vermelhas
– Erupções na pele
– Tosse
– Febre
– Conjuntivite

Tratamento
O tratamento faz-se através da ingestão de líquidos em abundância e da toma de um antipirético para baixar a febre. A criança deve ser observada por um médico se tiver dor nos ouvidos, dor torácica, falta de ar e se continuar com febre após quatro ou cinco dias.

Sinovite aguda transitória

A sinovite aguda transitória é uma inflamação autolimitada do revestimento (denominado «sinovial») da articulação da anca. Embora possa surgir em qualquer idade, é mais comum perto dos três anos de idade e no sexo masculino.

Causas
A causa da sinovite aguda é desconhecida, podendo estar relacionada com fatores infeciosos ou alérgicos.

Sintomas
O caso-tipo é o de uma criança que aparece com dor na virilha ou na anca, geralmente de um só lado, com dificuldade em andar preferindo manter a perna fletida e ligeiramente voltada para o lado de fora.

Quando ir ao médico
Perante estes sintomas e se não passar com um anti-inflamatório, no período de um ou dois dias, convém consultar o médico, porque eventualmente ter-se-ão que realizar exames (análises, radiografias).

Sopro

Um sopro é um barulho originado no coração, que tem uma tonalidade soprada. A esmagadora maioria dos sopros, designados por sopros inocentes, ocorre na ausência de qualquer alteração anatómica ou fisiológica do coração e não está associada a doença cardiovascular.

Causas:
Os sopros inocentes resultam da turbulência do sangue na raiz das grandes artérias, principalmente na aorta, ao sair do coração (dado que o sangue, nas crianças, circula a alta velocidade), ou então das vibrações das estruturas musculares e vasculares, durante a fase de expulsão do sangue pelo coração.

Cuidados a ter
As crianças com sopro inocente não necessitam de qualquer seguimento especial ou limitações à sua vida normal (incluindo atividades desportivas), ou de realizar, na maioria dos casos, quaisquer exames, a não ser nos primeiros doze meses de vida e, ainda assim, por mera precaução.

T

Torcicolo

Espasmo do músculo esternocleidomastóideo ou, mais raramente, de outros grupos musculares do pescoço, causados por maus jeitos, inflamações da garganta, traumatismos, esforços quando de atividades desportivas ou golpes de frio.

O espasmo muscular provoca a mudança de posição da cabeça, com inclinação para um dos lados. Repor a posição normal causa dor.

Em recém-nascidos:
A maioria dos torcicolos evidencia-se nas primeiras semanas de vida, e tem a ver com a postura intrauterina, mas também com as forças de tração durante o parto. A cabeça do bebé pende para um dos lados, o bebé bolça muito, tem dores de barriga e chora muito quando vai deitar-se.

Diagnóstico:
Se não for diagnosticado, o torcicolo vai provocar alterações noutros grupos musculares da cabeça e do tronco, levando a achatamento e rotação da cabeça (plagicefalia) com aumento da depressão nasal e pior drenagem das secreções, bem como a assimetria da face e dos olhos; finalmente, a coluna fica entortada.

Raramente o torcicolo pode ser uma tentativa de compensação de alterações visuais.

Tratamento:
O tratamento, além da correção da causa, se for possível, é à base de osteopatia, que permite corrigir os espasmos musculares, e nas crianças mais velhas, anti-inflamatórios e antiespasmódicos. Em alguns casos poderá ser necessária fisioterapia. Se os movimentos do pescoço são muito dolorosos, pode colocar-se um colar cervical para o apoiar.

Os casos graves e prolongados de plagicefalia podem necessitar da aplicação de um capacete, mas há sempre que fazer, antes a correção muscular através da osteopatia.

Os pais devem estar atentos aos sinais e debater o assunto com o médico-assistente.

Tosse

A tosse é um reflexo considerado um mecanismo de defesa do organismo. Tem como objetivo expelir, com força acrescida, os agentes, detritos ou elementos que se encontram na árvore respiratória e que não deveriam lá estar. É por isso que a tosse deve ser encarada com respeito e de uma maneira positiva, embora existam tipos de tosse que resultam de outras situações, e também a própria tosse “defesa” pode levar ao cansaço e à exaustão. A tosse pode indicar situações graves quando:

– surge com sangue;
– se acompanha de dor torácica;
– aliada a dificuldade respiratória ou aceleração da respiração;
– é crónica com outros sintomas como a perda de peso.

Há quatro tipos de tosse, que têm origens e razões diferentes: tosse produtiva, tosse irritativa, tosse alérgica e tosse noturna.

Tosse produtiva

É uma tosse com expetoração (embora a criança não a deite, mas sim engula), com origem baixa (brônquios). A tosse produtiva é benéfica por ser considerada um autêntico “braço armado” dos brônquios. Esta tosse deve ser ajudada através da fluidificação das secreções e da drenagem postural e “pancadinhas” (cinesiterapia).

Tosse irritativa

A tosse irritativa é provocada por agressões à árvore respiratória. É uma tosse seca, repetida, tradicionalmente chamada “tosse de “cão”. A tosse irritativa tem muitas vezes que ser serenada, porque incomoda a criança e pode mesmo desgastá-la.

Tosse de origem alérgica

Semelhante à tosse irritativa, a tosse alérgica é ainda acompanhada de olhos a lacrimejar, sensação de “vontade de coçar a garganta”, espirros. Por resultar de mecanismos alérgicos, geralmente a tosse melhora com as medidas habituais de combate aos alergénios.

Tosse noturna

A tosse noturna surge por acessos e corresponde ao deslizar das secreções dos adenoides para os brônquios. É muito comum, aparece um tempo depois de a criança se deitar e surge por ataques.

V

Varicela

A varicela é uma doença febril, infetocontagiosa e geralmente benigna, que se manifesta pelo aparecimento de pápulas, vesículas (bolhas de água) e crostas, na pele, couro cabeludo, genitais e boca.

Causas
É provocada pelo vírus Herpes vírus varicellae.

Sintomas
– Pintas e manchas vermelhas
– Prurido
– Febre
– Mal-estar geral

Tratamento
Se a criança tiver febre, deve ser-lhe administrado um antipirético. Nas lesões mais inflamadas, deve ser aplicado um desinfetante. As unhas da criança devem ser cortadas para evitar qualquer infeção ao coçar. Um banho diário com emoliente ajudará a aliviar o prurido. Após dois ou três dias de doença, as vesículas que causam prurido transformam-se em crostas escuras que desaparecem ao fim de oito dias.

Referências bibliográficas
MARQUES, Jorge Sales – O que os pais devem saber de pediatria. Educação Nacional, 2009. ISBN 978-972-659-475-8.
FENWICK, Elizabeth – O Grande Livro da Mãe e do Bebé. 3ª edição revista. Lello Editores, 1999. ISBN 972-48-1679-6.
CORDEIRO, Mário – Guia Essencial Saúde do Bebé dos 0 aos 3 anos. Edição Especial O Nosso Bebé.