Estudo das universidades Católica e do Minho centrou-se na avaliação de problemas emocionais e comportamentais, incluindo a presença de picky eating (alimentação restritiva) e overeating (alimentação excessiva).
Ana Margarida Marques

Investigadores das universidades Católica e do Minho estudaram os mecanismos entre o comportamento alimentar e o funcionamento psicológico global de crianças e adolescentes em idade escolar.

A investigação centrou-se na avaliação de um conjunto diversificado de problemas emocionais e comportamentais, incluindo a presença de picky eating (alimentação restritiva) e overeating (alimentação excessiva), em crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os seis e os 18 anos, numa amostra total de 2.687 jovens. 

A avaliação contou com a colaboração de pais, professores e dos próprios jovens, considerando a perspetiva de cada um.

O estudo pretende ajudar pais e educadores a lidar com os problemas alimentares, e até conseguir fazer um prognóstico de doença.

A investigação encontra-se publicada na revista Journal of Child and Family Studies.

Estudo nacional abrangeu quase três mil crianças

Bárbara César Machado, uma das autoras do trabalho, considera importante ter um “olhar integrador sobre o funcionamento global das crianças e adolescentes quando o objetivo é compreender o terreno favorável para a emergência de problemas da ingestão e alimentação”.  

De acordo com a Lusa, a investigadora refere que “há poucos estudos que combinem a avaliação do picky eating e do overeating em populações não-clínicas em idade escolar (6-18 anos)”, sobretudo se se procurar “relacionar aqueles comportamentos alimentares com a coocorrência de problemas emocionais e comportamentais”.

Problemas podem ser transitórios ou de duração prolongada

“Através do Sistema de Avaliação Empiricamente Validado (ASEBA), somos capazes de avaliar o picky eating e o overeating, podendo ajudar a contribuir para o prognóstico, curso e evolução de comportamentos que podem ser transitórios ou, pelo contrário, ter uma duração mais prolongada”, avança Bárbara César Machado.

O estudo revelou que a chamada alimentação restritiva foi identificada em 23,1% dos participantes, sendo esta mais comum nas crianças mais novas. 

Já a alimentação excessiva foi identificada em 24% dos participantes, sendo mais comum nas crianças mais velhas, com nível socioeconómico mais baixo e com excesso de peso.

Frequency and Correlates of Picky Eating And Overeating in School-aged Children: A Portuguese Population-based Study” é o nome do estudo desenvolvido por docentes da Faculdade de Educação e Psicologia da Católica no Porto e investigadores do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano (CEDH).

Os autores do estudo são Bárbara César Machado, Pedro Dias, Vânia Sousa Lima e Alexandra Carneiro – em coautoria com Sónia Gonçalves (investigadora do GEPA, Unidade de Investigação em Psicoterapia e Psicopatologia do CIPsi – Escola de Psicologia, Universidade do Minho).

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Dos participantes revelaram ser “picky eaters” (comem pouco), tendo sido este comportamento alimentar mais identificado nas crianças mais novas.

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Dos participantes revelaram comer em excesso, sobretudo as crianças mais velhas, com nível socioeconómico mais baixo e com excesso de peso.