Um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics indica que, numa análise de 91 crianças com casos confirmados do vírus de 20 hospitais na Coreia do Sul, pelo menos 20 permaneceram assintomáticas durante toda a sua doença e 47 tinham sintomas não reconhecidos antes dos testes.
Outras 18 crianças desenvolveram sintomas após terem sido testadas e o seu diagnóstico ter sido confirmado, de acordo com os investigadores.
Ainda assim, com base nos resultados dos testes, mesmo crianças assintomáticas no estudo continuaram com o vírus, o que significa que permaneceram contagiosas, até 14 dias após o diagnóstico, disseram os investigadores.
Estas crianças poderiam ser “associadas à transmissão silenciosa da COVID-19 na comunidade”.
“A deteção de crianças infetadas através de testes é muito importante”, refere a co-autora do estudo, Eun Hwa Choi.
“Precisamos de compreender o comportamento das crianças – ou padrões de contacto – que é muito diferente do dos adultos”, avança Choi, um professor de doenças infecciosas pediátricas no Hospital Infantil da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul.
Crianças podem ser potenciais propagadores “silenciosos”
O estudo da Coreia do Sul é o segundo nas últimas semanas a descrever as crianças como potenciais propagadores “silenciosos” do novo coronavírus.
Investigadores em Boston, num artigo publicado na revista Journal of Pediatrics, descobriram que crianças assintomáticas tinham níveis mais elevados do vírus do que adultos hospitalizados.
Para o estudo sul-coreano, Choi e os seus colegas analisaram dados de 91 casos confirmados de COVID-19 em crianças diagnosticadas entre 18 de Fevereiro e 31 de Março.
As crianças foram tratadas ou num hospital ou numa “instalação de isolamento não hospitalar”, e todas elas acabaram por recuperar, apesar de algumas terem permanecido doentes durante mais de 30 dias, relatam os investigadores.
A maioria das crianças (57) foram infetadas após terem entrado em contacto com alguém em casa que estava doente, mas 15 apanharam o vírus após o contacto com alguém que tinha viajado para uma área afetada e 11 ficaram doentes após terem estado em ajuntamentos.
“Perder a oportunidade de testar as crianças durante a fase inicial da infeção pode contribuir para a transmissão”, evidencia Choi.
“No contexto do rastreio de contactos, encerramento de escolas e quarentena, o papel das crianças na transmissão pode ser trivial, mas à medida que a pandemia evolui, juntamente com o afrouxamento do distanciamento social e a reabertura de escolas, o potencial de transmissão das crianças pode mudar”.