Um novo estudo demonstra que 1 em cada 5 crianças com alergias alimentares são vítimas de bullying. As conclusões foram apresentadas numa reunião do American College of Allergy, Asthma and Immunology.
Os resultados apontam para a necessidade de promover mais educação e uma maior consciência de como as alergias alimentares podem ser graves para a saúde.
A investigação decorreu nos EUA e incluiu 252 crianças dos 4 aos 17 anos. Os pais completaram inquéritos sobre bullying e as alergias alimentares dos seus filhos.
Cerca de um terço das crianças, com mais de 11 anos, relataram ter sofrido ataques de bullying devido à sua alergia alimentar. Mais de 13%, com idades entre os 4 e os 11 anos, afirmaram ter também vivido esta realidade no ambiente escolar.
Os autores acreditam que o tema tem sido desvalorizado porque muitas crianças não relatam aos pais e professores como se sentem na escola e o que os outros sentem em relação à sua alergia alimentar.
O estudo refere que o problema é grave e pode derivar de uma falta de consciência da sociedade em geral para as alergias alimentares.
“A alimentação faz parte de tudo o que as crianças fazem”, avança Ruchi Gupta, diretor do Center for Food Allergy and Asthma Research na Northwestern University Feinberg School of Medicine, em Chicago. “É muitas vezes difícil para as crianças compreenderem que a comida pode ser fatal”, adiciona Gupta.
O apoio dos pares é muito importante para manter as crianças seguras, apela o especialista. Quando os pares não apoiam, as crianças com alergias alimentares têm comportamentos mais arriscados (por exemplo, não verificar os ingredientes no rótulo).
Pais relatam ser também vítimas de bullying
Muitos pais relataram também ter vivido episódios de bullying por causa da alergia alimentar dos filhos, frequentemente por parte de um pai ou mãe de outra criança ou por amigos.
O estudo refere ainda que as alergias alimentares continuam a ser encaradas como uma situação pouco grave que pode ser resolvida com um medicamento.
Uma criança que tenha uma reação a um alimento poderá ter sintomas típicos de alergia, como urticária, mas também poderá sentir dificuldade em respirar e precisar de ir ao hospital. Precisará também de tomar uma medicação urgente para contrariar a reação alérgica, explicam os autores.
Além disso, o termo “alergia alimentar” continua a ser muitas vezes incorretamente utilizado para outras condições menos graves, como a intolerância alimentar.
As taxas de alergias alimentares têm crescido de forma significativa nos últimos 30 anos.