Uma sondagem da Universidade de Michigan concluiu que 4 em cada 10 pais admite ter conflitos com os avós relacionados com temas como disciplina, refeições e o tempo gasto em ecrãs.
Ana Margarida Marques

Um inquérito do National Poll on Children’s Health – Michigan Medicine aponta que quase metade dos pais relata ter desentendimentos com os avós quando tomam conta das crianças. Por isso, 1 em cada 7 pais chega ao ponto de limitar o tempo que o seu filho pode estar com o seu avô ou avó.

Os conflitos mais comuns envolvem disciplina (57%), refeições (44%) e tempo de ecrã (36%). Outros assuntos que geram discórdia são: comportamento, segurança, saúde, hora de ir dormir, tratar alguns netos de forma diferente de outros e partilhar fotografias nas redes sociais.

“Os avós desempenham um papel especial na vida das crianças e podem ser um recurso importante para os pais através de apoio, conselhos ou a tomar conta dos netos. Mas podem ter ideias diferentes sobre a melhor forma de criar a criança e isso pode causar tensão”, diz a codiretora da Mott Poll, Sarah Clark.

O inquérito baseia-se em mais de duas mil respostas de pais de crianças com idade igual ou inferior a 18 anos.

Disciplina foi a maior fonte de controvérsia

Entre os pais que relatam desacordos maiores ou menores, 40% relatam que os avós são demasiado brandos com a criança, enquanto 14% referem que os avós são demasiado duros.

“Os pais podem sentir que a sua autoridade parental é colocada em causa quando os avós são demasiado brandos em permitir que as crianças façam coisas que são contra as regras familiares, ou quando os avós são demasiado rígidos em proibir as crianças de fazerem coisas que os pais aprovaram”, diz Clark.

A autora refere ainda que alguns desacordos podem resultar de diferenças intergeracionais.

Saúde e segurança infantil são preocupantes 

As novas recomendações sobre saúde e segurança infantil podem também conduzir a desacordos. Por exemplo, se os avós se recusarem a pôr os bebés a dormir de costas ou não utilizarem um banco elevatório quando conduzem os netos para a pré-escola.

Em muitos casos, os pais têm tentado que os avós sejam mais respeitadores das suas escolhas parentais e das regras domésticas. Estes pedidos têm resultados mistos: enquanto cerca de metade dos avós fizeram uma mudança notável no seu comportamento para serem mais consistentes com a forma como os pais atuam, 17% opuseram-se abertamente.

“Se os avós cooperaram ou não com um pedido estava fortemente ligado à descrição dos pais de desacordos como maiores ou menores”, avança Clark. “Quanto maior o conflito, menos provável era que os avós cedessem”.

Os pais que disseram que os avós recusaram tal pedido tinham também mais probabilidades de limitar o tempo que o seu filho passava com eles, segundo a sondagem.

Já aqueles que relataram desentendimentos com os avós eram também suscetíveis de sentir que os conflitos tinham um impacto negativo na relação entre a criança e o avô.

Segundo o relatório do National Poll on Children’s Health – Michigan Medicine:

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dos pais relatam que os avós são demasiado brandos com a criança

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dos pais indicam que os avós são demasiado duros