Bebés cujas mães participaram num programa baseado em mindfullness tiveram respostas mais saudáveis ao stresse aos seis meses de idade, revela estudo na revista Psychosomatic Medicine.
Texto: Ana Margarida Marques | Fotografias: Shutterstock

15.03.2022

Investigadores da Universidade da California, nos Estados Unidos, desenvolveram um programa baseado em mindfullness para 135 díades de mãe-crianças.

As mães que participaram no estudo eram mulheres a viver com poucas condições económicas e num período de stresse elevado nas suas vidas. 

Os resultados encontram-se publicados na revista Psychosomatic Medicine.

Segundo os resultados, os bebés cujas mães participaram no programa baseado em mindfulness de oito semanas tiveram uma recuperação cardiovascular mais rápida de interações stressantes, bem como um comportamento mais auto-suficiente.

“Está realmente bem estabelecido que o stresse materno na gravidez aumenta o risco de problemas de saúde nas crianças”, explica Noroña-Zhou, PhD, psicóloga clínica e autora principal do estudo.

“Mas não temos tido uma boa compreensão de como este processo se desenrola e dos mecanismos biológicos subjacentes, ou se podemos amortecer os efeitos do stresse nos resultados negativos para a saúde”, revela Noroña-Zhou.

Investigação quer abordar saúde de forma positiva

A capacidade de “recuperar” do stresse está ligada a melhores resultados de saúde mais tarde na vida, avança Nicki Bush, também autor do estudo.

“Tem havido tão pouca investigação sobre o que podemos fazer na via positiva. Trata-se sobretudo de mostrar os efeitos negativos do stresse pré-natal”, frisa o investigador.

O estudo segue-se a uma outra investigação realizada em 2019, com base na mesma intervenção de mindfullness.

Tal investigação permitiu concluir uma diminuição do stresse e a depressão nas mães, melhorou a tolerância à glicose das mães e os seus níveis de atividade física.

Este é o primeiro estudo a mostrar que é possível fazer uma intervenção social pré-natal para melhorar os resultados de saúde nas mães e nas crianças, medidos pelas respostas do sistema nervoso, segundo Amanda Noroña-Zhou, PhD, primeira autora do estudo.

Tem havido tão pouca investigação sobre o que podemos fazer na via positiva. Trata-se sobretudo de mostrar os efeitos negativos do stresse pré-natal.

Nicki Bush

Investigador