A agência Lusa divulgou os resultados de um inquérito nacional sobre “O papel da escola e dos educadores” em tempos de Covid-19, promovido pelo projeto Escola Amiga da Criança, em colaboração com a Porto Business School da Universidade Católica do Porto (UCP) e a Faculdade de Psicologia da mesma instituição.
O projeto Escola Amiga da Criança é uma iniciativa conjunta da CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais), da LeYa e do psicólogo Eduardo Sá. A sua missão visa distinguir escolas que concebem ideias extraordinárias, contribuindo para um desenvolvimento mais feliz da criança no espaço escolar.
Há a valorização da missão dos professores
O estudo nacional “O papel da escola e dos educadores” foi conduzido junho e de julho.
A investigação concluiu que durante o ensino à distância, a maioria dos pais considerou o filho autónomo. No entanto, a maioria admitiu ter apoiado os filhos nos estudos no decorrer da quarentena.
Segundo o inquérito, desde a pandemia de covid-19 e do confinamento, os pais estão a valorizar mais o trabalho dos professores e a reconhecer o esforço que os docentes fizeram para se ajustar ao ensino à distância.
Pelo facto de as famílias terem estado confinadas 24 horas por dia, há “a valorização da missão dos professores”, contou à Lusa o psicólogo Eduardo Sá, da Iniciativa Escola Amiga da Criança.
Segundo as respostas, os docentes são agora mais acarinhados pelos pais e o papel do professor sai reforçado depois de meses de ensino à distância.
“Numa escala de um a cinco, os pais consideraram que os professores são determinantes na aprendizagem dos filhos, com uma média de 4,54 valores”, sublinhou o psicólogo.
Os professores passaram a ser considerados como mais importantes nos desempenhos escolares e no sucesso educativo de crianças e jovens.
Com a quarentena, os pais passaram também a conhecer melhor o papel do professor e disseram conseguir contactar com mais regularidade e de forma mais contínua com os docentes.
Ensino à distância evidenciou desigualdades sociais
Segundo o documento a que a Lusa teve acesso, o mais habitual foram as aulas síncronas (27%), o #Estudoemcasa TV (21%) e as aulas assíncronas (19%).
Porém, apenas 86% dos alunos da amostra teve ensino à distância, os restantes 14% não tiveram aulas, segundo o estudo. “O ensino à distância veio aprofundar de forma significativa as desigualdades sociais”, lamentou Eduardo Sá.
Durante a quarentena, o “trabalho de pais” passou a ser a tempo inteiro e muitas vezes teve de fazer também as vezes de professor, explicador e até gestor de conflitos.
O estudo aponta que, durante a pandemia, o mais frequente foi os alunos terem entre duas a quatro horas de atividades escolares por dia.
Alguns números
40%
Dos pais dedicaram uma a duas horas do dia a apoiar os estudos dos filhos
45%
Dos pais afirmaram que os educandos precisavam “frequentemente da presença de um adulto” para a realização de tarefas
31%
Responderam que os filhos conseguiam realizar as tarefas sozinhas, mas ficavam sempre a aguardar pela “supervisão final de um adulto”
24%
Responderam que as crianças realizaram as tarefas sozinhas
Numa análise por idades percebe-se que até ao sexto ano, as crianças precisaram mais de ajuda. Daí para a frente os jovens vão ficando cada vez mais independentes.
Em meados de março o ensino à distância foi uma realidade em Portugal, depois do encerramento das escolas, na sequência da pandemia de Covid-19.