A investigadora Filipa Fernandes propõe t-shirt que mantém temperatura corporal e melhora o bem-estar na menopausa. Aprovada pelo Infarmed, a tecnologia já chegou ao mercado, avança comunicado da Universidade do Minho.
Ana Margarida Marques

Formada pela Escola de Engenharia da Universidade do Minho, a investigadora Filipa Fernandes criou uma t-shirt inovadora que atenua os efeitos da menopausa.

O tecido tem um revestimento estampado que regula a temperatura corporal da mulher, evitando que esta tenha afrontamentos, retenções de líquidos, alterações de humor, insónias e mal-estar.

Após dois anos de testes em laboratório e em contexto real, a tecnologia está agora patenteada, aprovada pelo Infarmed e chega ao mercado. Para já, a t-shirt pode ser encontrada em style-out.com.

“Muitas senhoras que testaram surpreenderam-se com os benefícios de utilizar apenas esta t-shirt para reduzir os sintomas da menopausa, dizem que a sua vida se tornou mais agradável e confortável”, refere Filipa Fernandes, num comunicado da Universidade do Minho.

feedback foi tão positivo que a cientista decidiu testar a inovação com mulheres em tratamento para o cancro ou que tinham tido essa doença. Funcionou de novo.

“Algumas senhoras quiseram retirar a medicação habitual para o teste ser total e, no final, não voltaram a precisar de parte dela, por indicação do médico”, frisa.

A investigadora considera os resultados das amostras são “excelentes” face a estudos similares em revistas científicas internacionais.

Sistema termorregulador eficaz face a afrontamentos

Designada RT, a tecnologia aparece na t-shirt sobretudo na zona do tórax e da coluna, sendo baseada em silicone medicinal e em materiais de mudança de fase, isto é, que permitem manter a temperatura corporal da pessoa (36.5º C, em média), independentemente da temperatura ambiente.

“A RT armazena e liberta grandes quantidades de energia, como absorver calor durante o dia e libertá-lo à noite”, explica Filipa Fernandes.

O revestimento é programado para determinada temperatura e força o organismo humano a mantê-la.

Na prática, ajuda o corpo na sua ação perante o calor (vasodilatação) e o frio (vasoconstrição). É um sistema de termorregulação bastante eficaz face a afrontamentos. Numa situação normal, as repentinas sensações de calor no peito e na cara da mulher estender-se-iam aos poucos pelo resto do corpo, podendo provocar suor excessivo.

T-shirt demonstra eficácia em testes de 50 lavagens a 60º C

A inovação “permite assim, de forma simples e prática, o conforto e o bem-estar dos utilizadores, sobretudo em ambientes desfavoráveis”, e até ao fim de vida útil da t-shirt.

Nos testes de 50 lavagens a 60º C daquela t-shirt, o revestimento ficou intacto. A tecnologia RT é versátil e pode ser aplicada a diversos produtos e contextos, como segurança, saúde, desporto e turismo.

Por exemplo, para militares em missões com muito calor de dia e frio intenso à noite, bem como para pessoas em hipo/hipertermia, pilotos do Dakar ou aventureiros no Ártico.

“O novo material também é antifúngico e antimicrobiano, logo as possibilidades são imensas”, justifica Filipa Fernandes.

Sobre a autora

Filipa Fernandes nasceu há 36 anos em Guimarães e vive em Braga. Fez o mestrado integrado em Engenharia de Materiais na UMinho, na qual investigou desde 2010 em projetos do Centro de Física, do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil, do Centro de Território, Ambiente e Construção e do Centro de Engenharia Biológica. Com este último está a conceber uma farda de proteção hospitalar, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde (INSA). Está também presente no meio empresarial: é diretora científica da Ooze Nanotech (Vila Verde) e investiga na Ribeiro & Matos (Guimarães). Tem duas patentes em aprovação. Centra a pesquisa em funcionalização de superfícies, como pavimentos, cerâmicas, vidros e têxteis; possui trabalhos pioneiros sobre áreas autolimpantes e rodovias que mudam de cor com a temperatura. Pela UMinho, foi ainda capitã da equipa de futsal, que se sagrou campeã nacional e vice-campeã europeia universitária.

Filipa Fernandes com uma das t-shirts com a tecnologia de RT
Créditos: Nuno Gonçalves – Universidade Do Minho
Filipa Fernandes fez o mestrado integrado em Engenharia de Materiais na UMinho. 
Créditos: Nuno Gonçalves – Universidade Do Minho