“Picky eating” é um termo utilizado para descrever quando uma criança recusa frequentemente os alimentos ou come os mesmos alimentos repetidamente. Aprenda estratégias para melhor lidar com esta etapa do desenvolvimento da criança.
Ana Margarida Marques

O chamado “picky eating” é um comportamento frequente no desenvolvimento infantil. À medida que vão crescendo, as crianças tendem a abrandar este padrão e a variar mais os alimentos que comem.

As preferências por certos alimentos são um processo inconstante na infância. Os pais não devem desanimar até porque, com o tempo, o apetite e os comportamentos alimentares da criança vão seguir um padrão mais consistente. 

Eis algumas estratégias para ajudar o seu filho nas fases mais desafiantes da alimentação, incentivando a que seja saudável e mais variada em sabor, cor e textura: 

1. Sirva a mesma refeição para toda a família. Resista ao impulso de fazer uma refeição só para o seu filho se recusar a comer o que tem no prato. Isto só encoraja uma alimentação mais seletiva. Tente incluir pelo menos um alimento que a criança goste em cada refeição.

2. Não force a criança a comer. Respeite o seu ritmo para a aceitação de certos alimentos. Forçar as crianças a comer, ou castigá-las se não o fizerem, pode fazê-las não gostar de alguns alimentos que provavelmente poderiam apreciar se forem confecionados de outra forma.

3. Não compense o seu filho com guloseimas. Por mais tentador que seja, procure nunca compensá-lo com guloseimas para comer outros alimentos. É uma atitude que pode tornar a comida “premiada” ainda mais estimulante, e a comida saudável cada vez mais desinteressante.

4. Experimente e volte a experimentar. Não desista de dar um alimento só porque é recusado nas primeiras vezes. Uma criança pode demorar até dez ou mais vezes a gostar de um alimento antes que as papilas gustativas o aceitem. 

Uma criança pode demorar até dez ou mais vezes a gostar de um alimento antes que as papilas gustativas o aceitem. 

5. Procure a variedade de sabores e texturas. Disponha de vegetais e frutas nas várias refeições. Inclua alimentos ricos em proteínas, pelo menos duas vezes por semana. Adicione ervas e especiarias. Ofereça novos alimentos em pequenas quantidades. Espere uma ou duas semanas antes de reintroduzir o mesmo alimento.

6. Torne mais apelativa a apresentação dos pratos. As crianças pequenas estão especialmente recetivas a experimentar alimentos dispostos de forma divertida e criativa. Faça os alimentos parecerem irresistíveis, organizando-os de forma diferente e colorida. Corte os alimentos em pedaços pequenos e de forma fácil de segurar e comer.

7. Envolva as crianças no planeamento de refeições. Encoraje os mais novos a escolher a fruta e os legumes na hora de cozinhar as refeições ou de ir à mercearia ou supermercado. Leiam livros sobre a alimentação e dê espaço para sugerirem novas receitas.

8. Deixe que a criança participe nas tarefas da cozinha. Algumas tarefas são perfeitas para crianças pequenas (sempre com supervisão): peneirar, mexer, contar ingredientes, apanhar ervas frescas do jardim, etc.

Quando a criança aceita um determinado alimento, aproveite para o confecionar de diferentes formas.

9. Cozinhe os alimentos preferidos de várias formas. Quando a criança aceita um determinado alimento, aproveite para o confecionar de diferentes formas. Assim vai ajudar a expandir a variedade nas refeições. Por exemplo se o seu filho aprende a gostar de tomate, pode incluir na salada, usar como snack para a escola, numa compota, numa omelete, etc.

10. Faça combinações de sabores diferentesAs crianças pequenas tendem a não gostar dos sabores azedo e amargo. Misture alimentos com um paladar mais ácido com outros mais apreciados como o doce e o salgado. Por exemplo, os brócolos (sabor amargo) com queijo ralado (sabor salgado) são uma ótima combinação para papilas gustativas infantis. 

Certifique-se de que o seu filho está a receber todos os nutrientes necessários para crescer e desenvolver-se. Se estiver preocupado com a alimentação, consulte o seu médico ou pediatra que poderá ajudar a identificar e resolver problemas.

Fontes consultadas: Raising Children Network, American Academy of Pediatrics