É raro uma criança ou um jovem considerar um alimento ou bebida demasiado doce. Um estudo publicado na revista Nutrients sugere que talvez seja porque são menos sensíveis ao açúcar do que os adultos e e por terem uma preferência natural pelo sabor doce.
Os resultados indicam que tanto as crianças como os adolescentes preferem níveis significativamente mais concentrados de sabor doce do que os adultos.
“Ambas estas dimensões da perceção do sabor doce – sensibilidade e preferência – sofrem percursos de desenvolvimento distintos desde a infância até à idade adulta”, explica M. Yanina Pepino, coautora do estudo e professora na University of Illinois.
Crianças preferem sabores doces mais intensos
O estudo incluiu 108 crianças, 172 adolescentes e 205 adultos, com idades compreendidas entre os 7 e os 67 anos. A investigação foi apoiada pelas instituições The National Institutes of Health e a American Diabetes Association. A equipa de investigação conduziu o estudo no Monell Center na Filadélfia e na University of Washington em St. Louis.
Investigadores deram a experimentar diferentes concentrações de açúcar e água e mediram tanto a concentração que os participantes preferiam, como a concentração mais baixa em que conseguiam detetar o sabor do açúcar.
Estudos anteriores e a atual investigação demonstram que as crianças preferem realmente um sabor doce mais intenso do que os adultos.
Os investigadores colocaram a hipótese de que as alterações na sensibilidade ao sabor da sacarose e nas preferências que ocorrem durante a adolescência podem resultar de distintas trajetórias de desenvolvimento com diferentes mecanismos subjacentes.
“Por exemplo, as alterações de desenvolvimento na sensibilidade gustativa podem ser secundárias a alterações na anatomia da boca e composição da saliva, enquanto que as alterações nas preferências do sabor doce podem ser as consequências de alterações na atividade e morfologia do sistema de recompensa do cérebro”, avançou a coautora.
