Um verão divertido e “livre” de afogamentos!
O afogamento em Portugal continua a ser a segunda causa de morte acidental nas crianças.
E estão reunidas as condições para que a situação possa tornar-se ainda mais dramática. Tendo em conta as atuais restrições no acesso à praia, que a Covid-19 nos veio impor, é previsível que as famílias optem por alternativas que envolvam ambientes com piscinas, aumentando significativamente o risco de afogamento.
Estes podem acontecer na piscina da casa onde estamos a passar férias, no condomínio da casa dos nossos amigos, na piscina insuflável que temos no jardim, no tanque de rega da casa dos primos, na piscina que os vizinhos montaram no quintal ou no poço perto da casa dos avós.
O afogamento é rápido, silencioso e acontece em muito pouca água. Bastam alguns minutos para o desfecho ser fatal ou irrecuperável.
É bom para as crianças brincarem perto de água e terem a oportunidade de nadar e praticar atividades na água. Cabe aos adultos assegurar que as condições necessárias estão garantidas, para que estas o possam fazer em segurança.
Se está a pensar passar uns dias num local com piscina verifique previamente que esta possui uma barreira física vertical que atrase o acesso da criança à água, no caso dela conseguir escapar à vigilância dos adultos. É natural que aconteça, mesmo que apenas por breves instantes, o que, no caso dos afogamentos será tempo suficiente para uma tragédia. Procure informação sobre o local, fale com o proprietário, reveja as críticas de outros clientes e peça recomendações a amigos ou familiares. Segundo a Organização Mundial de Saúde, este tipo de barreira, de que são exemplo as vedações, pode reduzir em 75% o risco de afogamento (WHO, 2014).
Antes de comprar uma piscina amovível avalie se tem condições para a colocar num local que possua, ou onde seja possível instalar, uma barreira física vertical. Também existem barreiras amovíveis. As piscinas insufláveis devem ser esvaziadas logo após a sua utilização. Mesmo sendo pequenas e tendo pouco água, é fácil as crianças afogarem-se. Um palmo de água é suficiente.
Os poços devem estar tapados com uma tampa que deve estar fechada e ser resistente.
No caso de as crianças não saberem nadar bem, e sempre que estejam perto ou dentro de água, devem usar braçadeiras adaptadas ao seu peso e que cumpram as normas de segurança europeias. Os colchões insufláveis e as boias não são equipamentos de proteção pessoal. São brinquedos que podem aumentar o risco de afogamento.
Nas atividades na água, nos desportos náuticos e nos passeios de barco, crianças e adultos devem usar um colete salva vidas adaptado ao seu peso e ao tipo de atividade. Estes devem ser colocados e retirados em terra. Não podem ser insufláveis e devem cumprir as normas de segurança europeias.
A vigilância próxima e focada na criança, quando brinca perto ou dentro de água, pode fazer toda a diferença. Não atenda o telefone, não leia, não vá atender a porta, nem ingira bebidas alcoólicas quando estiver a acompanhar e for responsável pela vigilância das crianças. A sua capacidade e rapidez de ação, no caso da criança se encontrar em dificuldades, vai depender disso. Em dias de festa, ou quando há várias famílias, faça uma escala de vigilância entre os adultos. É fácil “baixar a guarda” quando há muita gente por perto. Se possível, faça um curso de socorrismo pediátrico, que inclua suporte básico de vida.
No caso das crianças mais velhas, cujos locais de maior risco de afogamento são os rios, ribeiras e lagos, estabeleça regras e ensine comportamentos seguros na água. É importante que a criança perceba que apenas deve tomar banho em locais vigiados por nadadores salvadores e em zonas próprias para banhos; que saiba o que fazer, caso se sinta cansada ou em dificuldades (tentar boiar, pedir ajuda), ou um dos seus amigos (informar o nadador salvador, atirar algum objeto flutuante). É imprescindível que reconheça a importância de nunca ir nadar sozinha ou para sítios desconhecidos, de não fazer brincadeiras que possam atrapalhar as outras pessoas (“amonas”, “bombas” para cima dos outros), de não mergulhar em locais que não conhece a profundidade, de nadar paralelamente à praia.
Estas são medidas muito simples e fáceis de implementar e integrar nas rotinas das famílias. É apenas uma questão de antecipação, avaliação e preparação. Se forem postas em prática, de forma sistemática, temos a certeza de que as férias serão mais divertidas e descansadas, sem acidentes, nem sustos.
Boas férias!
As braçadeiras devem ser adaptadas ao peso da criança e cumprir as normas de segurança europeias.