Estar informada na gravidez contribui para que a experiência do parto seja mais segura e gratificante. Fique a saber como evolui o nascimento e como deve agir em cada fase.
Texto: Ana Margarida Marques | Fotografia: Shutterstock

Antónia Prates, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica, explica-nos que o nascimento evolui em quatro fases: fase latente, fase ativa, período expulsivo e dequitadura (saída da placenta).

Segundo a enfermeira, é importante aprender como evolui o nascimento uma vez que estar informada ajudará a que a experiência do parto seja mais segura e gratificante.

Fase latente

É o período que compreende o apagamento do colo do útero e a fase inicial de dilatação. É a etapa mais longa do trabalho de parto. Num primeiro parto, pode durar, em média, oito a 12 horas.

As contrações são irregulares, de fraca intensidade e pouco duradouras.

O formato do útero faz lembrar uma pera ao contrário. Por ação das contrações, o pé da pera começa a “apagar” (termo técnico), até desaparecer completamente. É assim que se dá o apagamento do colo do útero. À medida que a dilatação evolui, a forma uterina assemelha‑se à de uma laranja.

A mãe não deve ficar “parada” à espera das contrações. O casal deve sair de casa e escolher um espaço confortável e prazeroso para passear (jardim, praia). O pai deve incentivar a mãe a andar, sentar‑se, levantar‑se, fazer agachamentos. Estas posições são facilitadoras da descida do bebé.

A preparação para o parto durante a gravidez é essencial. O trabalho de parto exige, da mãe, um autoconhecimento para compreender as mensagens que o seu corpo transmite, contribuindo para que participe ativamente no nascimento do seu bebé.

Fase ativa

A partir do momento em que apresenta três a quatro centímetros de dilatação, até aos dez centímetros, o que habitualmente se designa por “dilatação completa”. 

Num primeiro parto, em média, a fase ativa dura cerca de seis a oito horas. 

O útero, que é um órgão constituído por várias camadas de músculo, vai contraindo, de forma a promover a dilatação do colo, para permitir a passagem do bebé. 

A partir dos três centímetros de dilatação, o útero dilata cerca de um centímetro por hora, num primeiro parto, e cerca de um centímetro e meio nos partos seguintes. 

Esta fase caracteriza-se pela ocorrência de duas a três contrações em cada dez minutos. 

Após duas horas de se ter instalado este padrão de contrações, é a altura de se dirigir à maternidade. 

Para a mulher que no seu projeto de parto inclua a analgesia epidural, esta será a hora adequada para a solicitar.

Período expulsivo

Consiste na expulsão do bebé, através do canal de parto, o que habitualmente se entende pelo nascimento do bebé. Este período é variável, podendo durar até cerca de duas horas, principalmente se houver o efeito de analgesia epidural.

A mãe sente uma sensação de pressão na parte inferior do abdómen e manifesta vontade espontânea de fazer força para ajudar a expulsar o bebé. 

A mãe deve continuar calma, estar bem consigo própria, acreditar na sua capacidade natural. Deve confiar nos profissionais e no seu companheiro. O ambiente deve ser afetivo, promovendo a libertação natural das hormonas (ocitocina e endorfinas) que são facilitadoras do parto. 

Os profissionais e o acompanhante vão incentivar e dar suporte à mãe.

A episiotomia, corte feito para alargar a abertura vaginal e abreviar a expulsão do bebé, é um procedimento hospitalar que não deve ser feito por rotina. Só existem duas indicações para a realizar:

– Quando há suspeita de sofrimento fetal;

– Perante riscos evidentes de uma grande laceração.

Dequitadura

A dequitadura consiste na expulsão da placenta, após o nascimento do bebé.

É uma fase do trabalho de parto tão respeitável quanto as etapas anteriores. Merece uma atitude expectante, não interventiva. É importante que nesta etapa o organismo atue de forma espontânea e natural.

Em princípio, a placenta é expulsa espontaneamente até 30 minutos após o nascimento do bebé.

 Quando a dequitadura não é espontânea, a extração da placenta é manual ou instrumental. São situações raras que podem ocorrer quando há processos cicatriciais anteriores (abortos e cesarianas).

Nesta fase, colocar o bebé pele a pele com a mãe ajuda a:

– Ativar a libertação de ocitocina que contrai o útero e expulsa a placenta;

– Promover o vínculo afetivo entre mãe e filho;

– Estimular a amamentação (o cheiro, o toque, a procura, a busca da mama pelo bebé).

Informe-se junto da sua equipa de saúde e esclareça todas as suas dúvidas.