Reforçar a higiene oral

A higiene oral é a medida preventiva mais eficaz para evitar infeções da cavidade oral. Saiba mais sobre a sua importância durante a gravidez e quais os cuidados que deve ter.
Ana Margarida Marques
As alterações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez provocam mudanças na saúde oral que geralmente regridem após o parto. Segundo José Frias-Bulhosa, médico dentista, “existem situações de saúde que poderão ser sensíveis durante a gravidez.”

Segundo o especialista, podem surgir “patologias orais” que devem ser vigiadas e tratadas, por exemplo: doença periodontal, erosão dentária (associada a vómitos que podem degradar a qualidade do esmalte e conduzir à hipersensibilidade), bem como ocorrência de qualquer processo inflamatório ou infecioso na cavidade oral, com repercussões no corpo.

Cuidados de higiene

Durante a gravidez ocorre uma acidificação da cavidade oral que pode comprometer as estruturas dentárias. É essencial reforçar os cuidados de higiene oral, removendo bem os resíduos alimentares e o biofilme oral bacteriano que pode originar situações, no início de caráter inflamatório, mas que rapidamente evoluem “para processos infeciosos que afetarão todos os órgãos e sistemas”, avança o especialista.

O cuidado com a higiene inclui a escovagem cuidada das superfícies dentárias com dentífricos terapêuticos, sendo que o médico dentista de família deverá ser o principal conselheiro sobre os dentífricos mais adequados para cada grávida em particular.

Segundo José Frias-Bulhosa, a higienização da língua deve ser feita na fase final de escovagem oral, sem a aplicação da pasta dentífrica e apenas com uma passagem da escova duas a três vezes no sentido do fundo da língua para a respetiva ponta. É essencial evitar a ingestão de alimentos que provocam cáries ou de bebidas gaseificadas, alerta também.

A esmagadora maioria dos procedimentos clínicos não constitui por si só um risco acrescido para a mulher. Só o facto de poder ocorrer qualquer processo inflamatório durante o período da gravidez conferirá um risco muito maior para o feto e para a mãe.

Infeções da cavidade oral

A higiene oral é a medida preventiva mais eficaz para evitar infeções da cavidade oral. A grávida pode infetar o bebé por meio de microrganismos provenientes de doenças infeciosas, como a cárie dentária e doenças periodontais. “A esmagadora maioria dos procedimentos clínicos não constitui por si só um risco acrescido para a mulher. Só o facto de poder ocorrer qualquer processo inflamatório durante o período da gravidez conferirá um risco muito maior para o feto e para a mãe”, refere José Frias-Bulhosa.

Tratamentos na gravidez

Caso seja necessário efetuar tratamentos durante a gravidez, as consultas devem ser de curta duração e preferencialmente de manhã, sendo o segundo trimestre da gestação o período mais indicado. Sobre os tratamentos de doença periodontal, o médico dentista avança: “Atualmente não deverá existir qualquer tipo de dúvida que, por exemplo, a doença periodontal – que afeta a gengiva e o osso de suporte do dente e que muitas vezes se caracteriza nos seus estádios iniciais por um simples sangramento ao escovar os dentes ou ao mastigar alimentos mais densos – poderá, com maior probabilidade, conduzir a partos prematuros e ao nascimento de crianças com baixo peso e com défice de desenvolvimento que se irão repercutir para toda a vida.”

Em caso de dor, Frias-Bulhosa alerta que a grávida não deve automedicar-se, devendo primeiro consultar um médico dentista para solicitar a prescrição de medicação e efetuar os tratamentos para solucionar a dor.

Emissão de cheques-dentista

Se está grávida e a ser seguida na consulta pré-natal do Serviço Nacional de Saúde, solicite ao seu médico de família a emissão do cheque-dentista (mais informação: www.sns.gov.pt).