Os resultados apoiam os conselhos já existentes das autoridades de saúde pública.
Em 2020, a Organização Mundial de Saúde já tinha avançado que as mães com suspeita ou confirmação da covid-19 podem continuar a amamentar.
Um novo estudo publicado na revista Pediatrics oferece novas garantias de que as mães infetadas com covid-19 podem amamentar os seus bebés em segurança.
Nenhum recém-nascido amamentado contraiu o vírus
Realizado com 55 bebés nascidos de mães com covid-19, o estudo apurou que nenhum recém-nascido contraiu o vírus.
Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA garantem que o leite materno “não é uma fonte provável” de transmissão da covid-19, e que as mães infetadas podem amamentar desde que tomem algumas precauções.
“Se lavar as mãos e usar uma máscara, não há razão para não poder amamentar”, avança Marcel Yotebieng, professor associado no Albert Einstein College of Medicine, em Nova Iorque.
Embora já existam orientações para manter a amamentação nos casos em que as mães estão infetadas, os autores consideram importante que os estudos continuem a acompanhar a ocorrência de infeções infantis relacionadas com o leite materno.
Mães devem usar a máscara e lavar bem as mãos
Para o estudo, os investigadores seguiram 55 bebés nascidos no centro médico israelita a mães que deram positivo no teste covid-19. Todos os recém-nascidos testaram negativo para a infeção logo após o parto.
Três quartos dos bebés receberam leite materno durante a sua estadia hospitalar, e ainda mais – 85% – foram amamentados depois de terem ido para casa. Nenhum ficou infetado com o coronavírus, com base em testes de rastreio feitos duas a três semanas após a saída do hospital.
No início da pandemia, o hospital de Jerusalém tinha uma política de separar os recém-nascidos das suas mães covid-19-positivas. Devido a isso, os recém-nascidos do estudo receberam leite materno dado pelo biberão.
Doravante o hospital já não considera necessária esta alternativa, desde que haja como salvaguarda o uso de máscaras e a lavagem das mãos antes da amamentação.
Contacto pele a pele incentivado pela OMS
A OMS recomenda o contacto pele com pele e amamentação logo após o nascimento do bebé – e isso aplica-se também às mães com covid-19.
Os autores levantam novas questões: Será possível que o leite materno forneça a estes bebés anticorpos contra o vírus? Tais anticorpos foram detetados no leite materno de mulheres infetadas, mas não é claro ainda se ajudam a proteger os bebés.
O que é cada vez mais evidente para a comunidade científica é que o risco de os bebés contraírem covid-19 através do aleitamento materno é “muito baixo”.
E qualquer risco teria de ser ponderado contra os “enormes” benefícios da amamentação, avançam os autores.
Está demonstrado que a amamentação apoia o desenvolvimento do sistema imunitário dos bebés. Os bebés amamentados são menos suscetíveis de desenvolver infeções dos ouvidos, diarreia, asma e infeções pulmonares graves.
“Devemos recordar que também existem outras infeções para além da [covid-19]”, salienta o investigador Marcel Yotebieng.