A gravidez traz mudanças do foro endócrino, metabólico, vascular e psicológico, que tornam a futura mãe particularmente suscetível a alterações cutâneas. Conheça-as melhor e saiba como preveni-las.
Violante Assude

Manuela Selores, Presidente do Colégio da Especialidade de Dermato-Venereologia da Ordem dos Médicos, explica quais as principais alterações à pele e os cuidados que devem ser considerados durante a gravidez.

A gravidez representa um período de intensas mudanças na mulher, do foro endócrino, metabólico, vascular e psicológico, que tornam a grávida particularmente suscetível a alterações cutâneas, quer fisiológicas, quer patológicas. Ao nível cutâneo, as alterações durante a gravidez dizem respeito à pigmentação, unhas e pelos, tecido conjuntivo e vascular.

PELE PIGMENTADA

A pigmentação ocorre em mais de 90 por cento das mulheres e as alterações são mais evidentes nas mulheres de pele de fotótipo mais alto (morenas). As áreas mais pigmentadas tornam-se mais escuras, particular- mente os mamilos e a aréola mamilar, a face interna das coxas e os genitais externos, e a linha branca abdominal torna-se castanha. Também ocasionalmente as efélides (sardas) e as cicatrizes tornam-se mais pigmentadas. Muitas mulheres referem também o aumento do tamanho e do número dos nevos melanocíticos (sinais). Estas alterações geralmente regridem no pós-parto.

PELE DA FACE

Por volta da segunda metade da gravidez e em cerca de 70% das mulheres, aparece o melasma (manchas escuras, o vulgar “pano” e um reforço da pigmentação das efélides (sardas). Para evitar as manchas, o ideal é fazer uma correta proteção solar na face (e no corpo quando exposto ao sol).

PREVENIR AS ESTRIAS

As estrias ocorrem em 90 por cento das mulheres durante o sexto, sétimo mês da gestação, desencadeadas por fatores hormonais e físicos (distensão e aumento do peso da mãe e do feto). Há uma tendência familiar e é raro na mulher negra ou asiática. No pós-parto, as estrias alteram o tom rosa-purpúrico para linhas atróficas pálidas (estrias atenuadas) e nunca desaparecem. Recomenda-se a aplicação de emolientes (cremes hidratantes) em massagem, uma a duas vezes por dia, para melhorar a distensibilidade cutânea. Estão contraindicados os produtos com retinoides. As estrias não evoluem para uma situação dermatológica mais grave, sendo uma questão do foro estético.

PELE DAS PERNAS

As alterações vasculares resultam da distensão, instabilidade e proliferação dos vasos sanguíneos. Ao nível dos membros inferiores, por aumento de pressão venosa das veias femurais e pélvicas, há um aumento de varicosidades (40 por cento das situações). Uma forma de melhorar, ou antes, prevenir os derrames e va- rizes é recorrer a medidas posturais (como a elevação dos membros inferiores) e ao uso de meias compressivas durante a gravidez.

CABELO NA GRAVIDEZ

Durante a gravidez, o cabelo não é afetado, pois os estrogénios prolongam a fase anagénica do ciclo pilar (crescimento). Contudo, a afeção capilar mais comum e preocupante é o eflúvio pós-parto (perda de cabelo decorrente de um distúrbio no ciclo de vida capilar). Inicia-se por volta do segundo, quarto mês após o parto, com uma duração média de um a cinco meses. É um processo autolimitado e é frequente a recuperação espontânea.

ALTERAÇÕES NAS UNHAS

Sobre as unhas, as alterações mais frequentes decorrentes da gravidez incluem o apareci- mento de sulcos transversais, a onicólise distal (descolamento da unha) e a onicosquísis (unhas quebradiças). Em caso de dúvida, deve-se contactar a equipa de saúde.