Mais de metade dos produtos alimentares para crianças não cumpre os critérios nutricionais recomendados pela Organização Mundial de Saúde, em particular por adição de açúcar, alerta relatório do INSA.
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Segundo um estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, mais de metade dos produtos alimentares para crianças não cumpre todos os critérios nutricionais recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), especialmente por adição de açúcar ou adoçantes.

No estudo foram avaliados 138 alimentos complementares para crianças dos seis aos 36 meses.

Segundo os dados 69% dos alimentos rotulados como adequados para crianças entre os seis e os 36 meses tinha açúcar ou sal adicionados.

Citando a Lusa, a Ordem dos Nutricionistas pediu à Direção-Geral da Saúde (DGS) “mão forte junto da indústria alimentar”. A Ordem pediu também à DGS que pressione “a reformulação dos seus produtos”.

Sal e açúcar condiciona paladar de bebés e crianças

A DGS lembra que nos primeiros anos de vida as crianças adquirem hábitos e “que serem expostas precocemente ao sal e ao açúcar condiciona-lhes o gosto.”

No relatório, o INSA alerta que há grande variedade de oferta de alimentos destinados a lactentes e crianças jovens.

Praticamente todos os produtos analisados apresentam pelo menos um tipo de alegação nutricional ou de saúde na embalagem.

Os resultados revelam “a importância de uma monitorização e avaliação nutricional contínuas, e reforçam a necessidade de serem aplicadas medidas efetivas que limitem a promoção de alimentos menos saudáveis destinados à faixa etária dos seis aos 36 meses.”

Alimentos que contêm açúcares adicionados

Dos 138 alimentos analisados:

 34 (25%) 

Papas infantis

94 (68%) 

Refeições “de colher” (sobremesas lácteas, purés de fruta e purés de carne/peixe) 

10 (7%) 

bolachas/snacks

Sistema de rotulagem pouco eficiente e enganador

O INSA já tinha publicado um estudo anterior após a análise de 268 alimentos com o sistema de rotulagem nutricional Nutri-Score (com letras de A a E e cores do verde ao vermelho, sendo que supostamente as letras a verde representam produtos mais saudáveis).

O INSA concluiu que 91% não cumpre os valores de referência definidos na Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS) para os açucares e sal.

Considerando apenas os produtos com Nutri-Score com as letras A ou B (tidos como mais saudáveis), 87% excederam os valores de referência.

Em suma, o sistema de rotulagem “pode ser considerado pouco eficiente e potencialmente enganador em algumas categorias de alimentos”, alerta o INSA.

Para mais informações consulte o estudo aqui.