No puerpério os profissionais de saúde promovem aconselhamento e orientação aos pais. Saiba mais sobre o apoio recebido na maternidade.
Ana Margarida Marques

Mesmo quando corre tudo bem com o parto, as primeiras horas são de fragilidade para a saúde da mãe e do recém-nascido. As dificuldades acrescem quando nem tudo corre conforme o idealizado durante a gravidez ou quando há complicações durante o nascimento. Seja como for, os pais são os cuidadores mais capacitados dos seus filhos. O dever dos profissionais no terreno deve ser orientar, esclarecer, encorajar, supervisionar e ajudar os casais neste momento crítico.

Elsa Salgueiro, Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstétrica, explica os principais ensinamentos transmitidos aos pais durante o internamento na maternidade.

Higiene do bebé

No hospital, a mãe e o pai recebem ajudas para cuidar do bebé. A higiene do recém-nascido é um dos tópicos de ensino. Por norma, é um profissional de saúde a dar o primeiro banho (explica como se prepara, qual a temperatura da água, a posição para segurar o bebé e como proceder à higiene). A desinfeção do coto umbilical é outro ensinamento, por representar um risco de infeções caso não seja devidamente vigiado.

“Durante os cuidados os pais podem sentir-se mais ou menos seguros de si ao realizar as tarefas com o recém-nascido, o que não significa que tenham mais ou menos capacidade para cuidar dele”, explica Elsa Salgueiro.

Ensinos sobre a amamentação

O suporte ao aleitamento materno é um contributo fundamental das equipas de enfermagem durante o puerpério. “A amamentação é uma matéria muito delicada, porque o que a torna apaixonante, torna-a desmotivante”, refere a enfermeira, acrescentando: “Se a mãe for orientada, há grandes probabilidades de haver sucesso.” São essenciais as ajudas dos técnicos, já que amamentar é um processo que requer aprendizagem e treino. A mãe deve ser esclarecida, por exemplo, que deve preparar a mama antes de amamentar. “Deve massajar a mama de forma circular, pressionar a aréola, e não somente o mamilo, visualizar a saída do colostro e só a seguir colocar o bebé a mamar”, explica Elsa Salgueiro.

Não será necessário lavar o peito cada vez que o bebé vai ser alimentado. «Mesmo quando coloca os cremes emolientes para evitar fissuras, não há necessidade de fazer a sua remoção, a menos que seja excessiva.»

A mãe e o pai devem, sim, lavar bem as mãos, antes de qualquer tarefa com o bebé.

Vigilância na amamentação

A vigilância da mamada deve ser assegurada por um profissional que ajudará a corrigir a técnica (a posição, a pega, a sucção, evitar mamilos doloridos ou macerados), fator fundamental para o êxito da amamentação. A subida do leite ocorre, por norma, já em casa (48 a 72 horas após o parto), frequentemente durante a noite. “Os sintomas podem ser mamas cheias, tensas e quentes, que dá a sensação de dificuldade respiratória (afrontamentos) e pode ocorrer uma subida de temperatura corporal (até 38,5 ºC)”. As mães devem estar alertadas para esta situação, que, quando não é bem gerida, pode trazer complicações como mastites ou dificuldades do bebé em mamar.

Em caso de dúvida sobre se o bebé está a ser alimentado, devem ir ao hospital para receber orientação no local.

Cuidados com a higiene íntima

A higiene íntima é outro ensino durante o puerpério. “Ajudamos a mãe a perceber que as perdas de sangue são normais e que vão diminuindo ao longo do puerpério”, refere a profissional de saúde, alertando para a importância de assegurar a higiene a cada ida à casa de banho, desinfetando e secando bem a zona genital, para evitar infeções.

Qualquer desconforto da mãe deve ser comunicado à equipa de saúde.

A duração do internamento depende da avaliação médica da mãe e do recém-nascido. Normalmente, se for um parto vaginal, o internamento dura 48 horas. Em caso de cesariana, tem a duração de 72 horas.

Preparação para a alta

A duração do internamento depende da avaliação médica da mãe e do recém-nascido. “Normalmente, se for um parto vaginal, o internamento dura 48 horas. Em caso de cesariana, tem a duração de 72 horas”, refere a enfermeira.

Antes de ir para casa, a mãe é alertada para a consulta de revisão que ocorre nas seis a oito semanas após o parto e que deve ser marcada com o médico que a assistiu durante a gravidez ou com o Médico de Família. Os pais devem ser informados sobre as opções de métodos de contraceção a utilizar depois do parto.

A mãe deverá ser encorajada a levar adiante o seu projeto de amamentação (se for o seu desejo). É importante a avaliação semanal do peso do bebé durante o primeiro mês de vida, para avaliar o êxito do aleitamento materno.

As vacinas do recém-nascido são administradas na maternidade. Os pais são orientados para o Plano Nacional de Vacinação e para a importância da primeira Consulta de Saúde Infantil.

O rastreio auditivo acontece no internamento. Já o diagnóstico precoce, vulgo teste do pezinho, deve ser realizado até ao sexto dia de vida.

Dúvidas em casa: o que fazer

Após a alta hospitalar, o ideal é que haja uma rede para recorrer durante 24 horas, seja no hospital onde aconteceu o parto, seja no centro de saúde da área de residência. “Hoje em dia os pais podem encontrar outros grupos de apoio na comunidade, mas recomendamos sempre o aconselhamento, na primeira pessoa, com a equipa de saúde”, aconselha Elsa Salgueiro.

“Nas primeiras seis a oito semanas a seguir ao parto, a mulher anda numa montanha‑russa, isto é, tanto tem picos de euforia como tem picos de tristeza”, explica a Enfermeira de Saúde Materna e Obstetrícia, alertando: “É um período que deve ser respeitado, não só pela própria mulher, como pela sua família, para que possa compreender as suas oscilações de humor!”.